Diante do aumento de casos em países e do risco iminente de surtos locais, o governo do Acre decretou situação de emergência em saúde pública por causa do sarampo. A decisão, publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) nesta quinta-feira, 17, visa conter a reintrodução do vírus em território acreano, reforçando ações urgentes de vacinação, vigilância e informação à população. A vigência do decreto é de 90 dias, contados a partir da publicação.
A medida leva em conta o parecer epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), que aponta para uma grave ameaça global e regional do sarampo — uma doença viral altamente contagiosa, que pode infectar até 90% das pessoas suscetíveis ao contato e causar complicações sérias, incluindo mortes e sequelas imunológicas.
O documento destaca que, após avanços na eliminação da doença em várias partes do mundo, o sarampo voltou a crescer de forma preocupante. Em 2024, mais de 700 mil casos suspeitos foram registrados em 184 países, sendo mais de 350 mil confirmados. Em 2025, os números seguem aumentando: até 6 de junho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) contabilizou quase 89 mil casos confirmados.
Nas Américas, a situação é especialmente crítica. Só nos primeiros seis meses de 2025, foram mais de 7 mil casos confirmados, com 13 mortes. O número representa um aumento de quase 30 vezes em relação ao mesmo período do ano anterior. A Bolívia, país que faz fronteira com o Acre, também decretou emergência nacional após confirmar mais de 100 casos.
Além da escalada nos números, o perfil epidemiológico da doença mudou. Se antes o sarampo era associado majoritariamente à infância, hoje se observa alta incidência entre adolescentes e jovens adultos de 10 a 29 anos, sinalizando falhas de imunização em diferentes faixas etárias.
No Acre, a cobertura vacinal abaixo dos 95% recomendados, aliada à desigualdade entre os municípios e ao abandono do esquema vacinal, eleva o risco de um surto. Segundo o decreto, esses fatores, somados à elevada transmissibilidade do vírus, tornam necessária uma resposta rápida e coordenada.
Com a emergência decretada, a Sesacre passa a coordenar as ações de combate à doença, podendo editar normas complementares e adotar medidas administrativas urgentes. O decreto autoriza ainda a realização de despesas excepcionais para garantir a capacidade de resposta do poder público, com prioridade no atendimento às demandas da saúde por parte de outros órgãos do Estado.