O mês de junho de 2025 trouxe dados preocupantes sobre a violência de gênero no Acre. Apesar da estabilidade no número de feminicídios consumados — dois casos, assim como no mesmo mês de 2024 —, o estado registrou uma explosão nas tentativas de feminicídio, que quadruplicaram em um ano, saltando de dois para oito casos. As informações são do relatório mensal da violência doméstica e familiar contra a mulher, disponibilizado pela Polícia Civil.
Essa escalada da violência revela mudanças profundas no perfil das vítimas e na geografia dos crimes. Todos os casos consumados de 2025 ocorreram no interior, enquanto nenhum foi registrado na capital. Além disso, 100% das vítimas de feminicídio e tentativas neste ano são mulheres negras, com idades entre 18 e 29 anos.
Interiorização e armas brancas em destaque
A interiorização dos feminicídios também chama atenção. Em 2024, a capital e o interior dividiram os casos (um cada). Em 2025, todos os crimes letais ocorreram fora de Rio Branco, com destaque para a regional do Alto Acre, responsável por 100% dos feminicídios consumados.
Outro dado relevante é o tipo de arma utilizada. Em 2025, todos os feminicídios foram cometidos com armas brancas, o que representa um aumento de 50% em relação ao ano anterior, quando metade dos casos envolvia armas de fogo.
Violência cresce na madrugada
As tentativas de feminicídio também exibem padrões alarmantes: além do crescimento de 300%, o perfil das vítimas revela um foco claro em mulheres negras e jovens. Em 2024, apenas uma vítima se enquadrava nessa faixa etária e cor/raça. Já em 2025, sete das oito vítimas tinham entre 18 e 29 anos, e seis eram negras.
As ocorrências se concentram em regiões específicas: Rio Branco e Bujari somam 50% das tentativas, seguidos de Cruzeiro do Sul (Juruá), com 37,5%. Outro aspecto que reforça a gravidade dos ataques é o horário: todos os crimes ocorreram durante a madrugada.