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Com mais de 80 casos na Bolívia, Acre adota medidas para evitar reintrodução do sarampo após 25 anos sem registros

Com mais de 80 casos na Bolívia, Acre adota medidas para evitar reintrodução do sarampo após 25 anos sem registros

Foto: Anne Nascimento

Diante do surto de sarampo na Bolívia, o governo do Acre anunciou nesta terça-feira, 8, uma série de medidas preventivas para evitar a reintrodução da doença no Estado, que não registra casos desde o ano 2000. Em coletiva de imprensa, representantes da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) alertaram para o risco elevado, especialmente nas regiões de fronteira com o país vizinho, onde já foram confirmados ao menos 80 casos da doença.

A maioria dos registros se concentra no Departamento de Santa Cruz, mas também há casos em La Paz, Cobija e em áreas próximas aos municípios acreanos de Brasileia, Epitaciolândia e Assis Brasil. Segundo as autoridades, os casos bolivianos estão associados à realização de eventos de massa, o que aumenta a circulação do vírus e o risco de transmissão transfronteiriça.

A secretária adjunta de Atenção à Saúde da Sesacre, Ana Cristina Moraes, informou que equipes da vigilância estadual já atuam com protocolos reforçados nas unidades hospitalares e na rede laboratorial. “Mesmo sem casos confirmados no Brasil, nossa estrutura está preparada para responder rapidamente a qualquer suspeita. Em até 72 horas conseguimos obter o resultado dos exames laboratoriais”, afirmou.

Ações de prevenção

Além da intensificação da vigilância, o Estado articula com o Ministério da Saúde uma série de ações de orientação e prevenção na faixa de fronteira. “Estamos organizando oficinas com profissionais de saúde em Brasiléia e Epitaciolândia, além de montar barreiras informativas e de vacinação”, completou Ana Cristina.

A médica infectologista Cirley Lobato alertou sobre os perigos da doença, que é altamente contagiosa e pode levar a complicações graves como pneumonia, meningite e até óbito. “A transmissão ocorre por gotículas ao falar, tossir ou espirrar. A prevenção é simples: vacina em dia e evitar aglomerações quando estiver com sintomas”, orientou.

Vacinação

A vacina tríplice viral — que protege contra sarampo, caxumba e rubéola — está disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde do Acre. Em 2025, o Estado atingiu 96,67% de cobertura vacinal na primeira dose em crianças, mas apenas 70,32% na segunda. A coordenadora estadual do Programa Nacional de Imunizações, Renata Quiles, reforçou o apelo. “A única forma eficaz de prevenção é a vacinação. Temos uma fronteira aberta com um país em surto e o vírus do sarampo é extremamente transmissível — até mais que o da Covid-19”.

O Acre, que mantém o certificado de eliminação do sarampo desde 2000, agora busca reforçar a proteção da população para não comprometer esse avanço. “São 25 anos sem casos, e queremos continuar assim”, finalizou Renata.

A Sesacre orienta que qualquer pessoa com febre, manchas avermelhadas, tosse, coriza ou conjuntivite procure imediatamente uma unidade de saúde.

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