A história de Mário Paes, hoje mais conhecido como Mário Portuga, daria um filme — daqueles que misturam romance, superação, cultura e um toque musical. Natural de Lisboa, Portugal, ele chegou ao Acre há mais de uma década, movido por um amor que nasceu na internet. “Vim para encontrar o meu amor. Não encontrei de imediato, mas encontrei depois o verdadeiro”, conta ele.
O que poderia ter sido apenas uma passagem virou vida. E hoje, aos 53 anos, Mário está fincado em Rio Branco como um dos representantes da cultura lusitana no estado. Cantor, cozinheiro, anfitrião e agora novo proprietário da Casa Portuguesa, restaurante localizado no bairro Bosque, ele se orgulha de ter transformado sua história pessoal em um projeto de vida coletivo.
“Cheguei num lugar completamente novo para mim. Outra cultura, outro jeito de viver, outro clima. No começo, foi difícil. As pessoas olham diferente para quem vem de fora. Mas, eu entendi que quem tem que se adaptar sou eu. E foi o que fiz. Hoje me sinto em casa”, enfatiza.
A trajetória até aqui
Mário não esconde que os primeiros tempos foram desafiadores. Não apenas pela adaptação cultural e climática, mas também pelo preconceito velado com o “estrangeiro”. Ainda assim, ele persistiu e, com o tempo, foi conquistando espaço como cantor em eventos, bares e casas de shows de Rio Branco.
Seu carisma no palco e a forma apaixonada com que canta — seja um fado português, um MPB, ou um clássico internacional — fizeram dele um artista querido na cidade. Além disso, ele também atuava como motorista por aplicativo, profissão que abandonou depois que adquiriu o empreendimento.
Agora, além do microfone, ele comanda a cozinha e o salão da Casa Portuguesa, onde imprime seu estilo pessoal no ambiente, nos pratos e no atendimento.
Casa Portuguesa: tradição à mesa com alma lusitana
A Casa Portuguesa foi recentemente reaberta sob nova direção, e Mário fez questão de transformar o restaurante num verdadeiro ponto de encontro entre Portugal e Acre. A casa serve pratos tradicionais da gastronomia portuguesa, especialmente com destaque para o bacalhau — preparado com autenticidade, mas com aquele toque de casa.
“Muita gente pensa que Portugal tem bacalhau. Mas não. O bacalhau vem das águas frias, da Noruega, da Islândia. O que Portugal tem é arte de prepará-lo. E isso, sim, a gente faz como ninguém.”
No cardápio, os destaques são:
- Bacalhau à lagareiro – grelhado, servido com ovos, pimentões e arroz branco.
- Bacalhau à Brás – desfiado, salteado no alho e azeite, com batata palha e ovos mexidos.
- Bacalhau cremoso – gratinado com creme de queijo, finalizado com maçarico, uma das estrelas da casa.
Além disso, a Casa Portuguesa oferece carnes, picanha e opções que agradam também ao paladar brasileiro, mantendo o cardápio acessível e diversificado.
Entre panelas e partituras: a vida dupla de Mário Portuga
Mário não largou a música. Pelo contrário: ele é a própria trilha sonora da Casa Portuguesa. “Quando o cliente pede e eu posso, eu canto. Não como dono, mas como o artista Mário Portuga. Faço isso com muito prazer”.
Seu repertório vai do fado — que ele interpreta com emoção, apesar de não se considerar um profissional do gênero e reforçar que prefere deixar o estilo com os profissionais — à música internacional, com clássicos do pop, blues e flashbacks que embalam jantares e criam um ambiente acolhedor e sofisticado.
“Gosto de cantar de tudo, mas me identifico mais com música internacional. Faço fado? Faço, sim. Mas deixo isso para quem é especialista. Eu sou mesmo é da gastronomia, da cozinha e do palco, quando me chamam”.
De terça a domingo, das 19h às 23h, a Casa Portuguesa abre as portas para quem quer experimentar não só os sabores de Portugal, mas também um pouco da história e da energia de Mário. O restaurante fica na Rua Quintino Bocaiúva, número 1474, no bairro Bosque, próximo ao restaurante Papinha.
“Quero convidar todos a conhecerem a nova Casa Portuguesa. Estamos sob nova gerência — ou seja, agora comigo, Mário Portuga. Aqui tem comida boa, atendimento com carinho, e quem sabe até um showzinho, se der tempo”.