O Acre está entre os estados mais perigosos do país para povos indígenas. Segundo o Atlas da Violência 2025, a taxa de homicídios entre indígenas no estado chegou a 50,8 por 100 mil habitantes em 2023 — mais que o dobro da média nacional, que foi de 22,8. O número representa um aumento de quase 68% em relação ao ano anterior e acende um alerta sobre a vulnerabilidade crescente dessas populações.
Em números absolutos, foram seis indígenas assassinados no estado em 2023, contra quatro no ano anterior. Embora o número pareça pequeno, o impacto é devastador para comunidades muitas vezes isoladas e com populações reduzidas.
Essa não é a primeira vez que o Acre lidera índices de violência indígena. Em 2017, o estado já havia registrado a maior taxa do país: 106 homicídios por 100 mil indígenas. Enquanto a média nacional caiu 62,6% entre 2013 e 2023, o Acre segue na contramão, com picos intermitentes e sem uma tendência clara de queda.
A violência está longe de ser um fenômeno isolado. O relatório aponta que os homicídios estão diretamente ligados a fatores estruturais:
- Disputa por território: a pressão de garimpeiros, grileiros e madeireiros ilegais em terras indígenas é constante, especialmente nas áreas ainda não demarcadas.
- Acesso precário a serviços básicos: comunidades indígenas enfrentam barreiras históricas para acessar saúde, segurança e justiça. Entre 2013 e 2024, apenas 37 indígenas foram registrados oficialmente como internados por agressões no Acre — um número que especialistas acreditam estar muito abaixo da realidade, devido à subnotificação.
Apesar dos dados alarmantes, o Acre ainda não lidera o ranking nacional. Em 2023, Roraima registrou 235,3 homicídios por 100 mil indígenas, e o Mato Grosso do Sul teve 178,7. Mesmo assim, a posição do Acre entre os estados com maiores índices mostra que a violência contra indígenas não está concentrada em apenas uma região, mas é um problema estrutural em diversas partes do país.