A Polícia Civil do Acre confirmou, nesta terça-feira, 15, durante coletiva de imprensa, que deve solicitar nos próximos dias a conversão da prisão temporária de Diego Luiz Gois Passos em preventiva. Ele se entregou nesta terça-feira, 15, na base do Grupo Especial de Operações em Fronteira (Gefron), em Senador Guiomard.
Diego é suspeito de atropelar e matar a bacharela em Direito Juliana Chaar, de 36 anos, após um atropelamento ocorrido na madrugada de 21 de junho, em frente à boate Dibuteco, em Rio Branco.
O suspeito ficou foragido por mais de três semanas, se escondendo em regiões de mata no município de Bujari, e contando com o apoio direto de familiares, inclusive na tentativa de impedir a ação da polícia com armamento ilegal.
A apresentação de Diego à base do Gefron, ainda segundo os militares, foi resultado de uma negociação entre a defesa e as forças policiais. A entrega ocorreu de forma pacífica, e segundo o coronel Assis dos Santos, coordenador do Gefron, foi motivada pelo cerco policial já estabelecido na região da zona rural do Bujari, onde o paradeiro de Diego havia sido rastreado.
“Já sabíamos que ele estava na área. As equipes estavam mobilizadas. O advogado nos procurou e intermediou a entrega para que ocorresse sem confronto”, afirmou o coronel, acrescentando ainda que Diego estaria, após a fuga de Bujari, em uma região de mata próxima à floresta Antimary.
Diego foi entregue na base do Gefron e transferido imediatamente ao Departamento de Investigações Criminais (Deic). Ao chegar, estava em perfeitas condições físicas, sem sinais de desnutrição ou desgaste — o que, segundo o militar, revela que ele recebeu apoio constante durante sua fuga, incluindo abrigo, alimentação e, possivelmente, ajuda para se deslocar pela região.

Rede de apoio familiar
Quatro dias antes da entrega, a polícia quase prendeu Diego em uma ação envolvendo o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o Centro de Operações Especiais (CORE) e o Ciopaer, na comunidade Boa Água, dentro da Reserva Extrativista do Antimary, em Bujari.
Segundo o delegado Alcino Júnior, responsável pelo inquérito, moradores da comunidade, usando conexão via satélite, alertaram o suspeito sobre a chegada da polícia, permitindo sua fuga. Na ação, dois parentes de Diego foram presos por porte ilegal de armas.
“Foram apreendidas uma espingarda, uma pistola Glock e um revólver calibre .38. A suspeita é que essas armas estavam sendo utilizadas para impedir a captura. Há indícios de que ele tenha escondido mais armamento antes de fugir novamente para dentro da mata”, explicou o delegado. O coordenador do Gefron enfatizou ainda: “É muito importante salientar que, quem esconde, também comete crime”.
A Polícia Civil investiga agora quem mais compôs essa rede de proteção ao foragido, já que dar abrigo ou auxílio a alguém que está sendo procurado pela Justiça é crime previsto no Código Penal.
Carro do atropelamento ainda não foi encontrado
Apesar da prisão de Diego, um ponto central da investigação ainda está em aberto: o paradeiro do veículo utilizado no atropelamento que matou Juliana Chaar.
De acordo com a polícia, o carro — que pertence a Diego — não foi entregue, nem há informações concretas sobre onde esteja escondido. Segundo o delegado Alcino Júnior, a perícia no automóvel pode revelar marcas de impacto, vestígios de sangue, projéteis de arma de fogo ou outras evidências que ajudem a esclarecer a dinâmica do crime.
A defesa do suspeito sustenta que o atropelamento foi um acidente: Diego estaria fugindo de um disparo feito por um amigo da vítima, o que, segundo eles, descaracterizaria a intenção de matar. No entanto, a ausência do veículo atrapalha a linha de investigação e também prejudica a própria tese da defesa, de acordo com o delegado.
“Se eu fosse advogado dele, orientaria a entregar o carro. A perícia pode até confirmar a versão dele — ou não. Mas esconder esse elemento só levanta mais dúvidas e joga contra”, afirmou Alcino.
Polícia vai pedir prisão preventiva
Com a prisão temporária de cinco dias já em vigor, a Polícia Civil adiantou que irá solicitar a conversão em prisão preventiva, que tem prazo indeterminado e pode durar até o julgamento do caso.
“A prisão dele é necessária para proteger o processo. Só conseguimos seguir com novas oitivas e coleta de provas com ele à disposição da Justiça. Já há indícios suficientes para o pedido da preventiva”, afirmou o delegado.