A Polícia Civil do Acre (PCAC) divulgou, nesta quinta-feira, 3, novas informações sobre a investigação de uma denúncia de estupro feita pela turista chilena Loreto Belen, que relatou ter sido vítima de violência sexual durante uma imersão cultural na aldeia Me Nia Ibu, localizada na zona rural de Feijó, e pertencente ao povo Huni Kuî.
Loreto Belén Manzo acusa o líder indígena Isaka Ruy de estupro. A turista relatou o ocorrido em um vídeo publicado em seu Instagram e registrou um boletim de ocorrência contra Isaka. Belen afirma que chegou na aldeia no dia 15 de maio e, no dia 19, viveu a primeira situação de assédio: durante um banho medicinal, o indígena teria inserido as mãos em suas partes íntimas. O momento foi registrado pela chilena em uma gravação. Alguns dias depois, ele teria tentado beijá-la a força.
Segundo a delegacia-geral do município, o caso está sendo tratado com prioridade e rigor investigativo, após Loreto procurar as autoridades e apresentar provas materiais, incluindo o vídeo do suposto ritual, comprovantes de pagamento e lesões corporais visíveis. Com base nesses elementos, a polícia solicitou, de forma imediata, a prisão preventiva do líder indígena Isaka Ruy, apontado como o autor do crime. O pedido foi acatado pela Justiça e o mandado está em vigor.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Dione Lucas, o suspeito fugiu da comunidade antes que a ordem judicial fosse cumprida. “Solicitamos a prisão assim que tivemos indícios consistentes. Porém, enquanto aguardávamos a formalização do mandado, ele deixou o local. Nossas equipes seguem mobilizadas para encontrá-lo, e a expectativa é concluir a investigação até a próxima quarta-feira”, afirmou.
A Polícia Civil informou que já monitorava os movimentos do suspeito, mas a divulgação pública do caso por parte da vítima – ainda que compreensível do ponto de vista emocional – acabou interferindo no trabalho investigativo, dificultando a captura do investigado.
A Polícia Civil reforça que o inquérito segue em andamento e que o processo está sendo conduzido com absoluto respeito à vítima, aos direitos constitucionais de todos os envolvidos e à necessária cautela em casos de alta complexidade, sobretudo por envolver aspectos culturais e territoriais indígenas.