Em audiência no Senado Federal, nesta terça-feira, 1º, o senador Alan Rick (União-AC) fez duras críticas à condução do consórcio de resíduos sólidos que envolve os 22 municípios do Acre. Segundo o parlamentar, o único município do estado com unidade de tratamento de resíduos sólidos é a capital Rio Branco, e o plano de modernização está parado desde novembro de 2023, nas mãos da prefeitura.
“O plano está nas mãos do prefeito Tião Bocalom desde novembro do ano passado. Defendemos um modelo completo de saneamento para o Acre, que inclua resíduos, água, esgoto e drenagem. É uma questão de saúde pública, ambiental e de gestão”, afirmou Rick, que também apontou que o atraso na assinatura do projeto prejudica todos os municípios e mantém os indicadores da região em níveis preocupantes.
De acordo com o senador, o projeto ainda não foi contratado por uma “questão política local”, apesar de já ter o apoio do governo do estado. “Se não fizer, os municípios vão responder, os prefeitos vão responder. O quadro é lastimável”, alertou.
Resposta de Bocalom: “Não politizamos, trabalhamos”
Diante das declarações, o prefeito de Rio Branco e presidente da Associação dos Municípios do Acre (Amac), Tião Bocalom, respondeu de forma firme, dizendo que o projeto não está parado, mas sim em fase de reformulação e ampliação.
“Enquanto uns politizam, a gente ampliou o projeto e não parou de trabalhar. Vamos, junto com o governo estadual, entregar água, esgoto e dignidade nos quatro cantos do Acre”, declarou Bocalom.
O prefeito explicou que o novo modelo foi construído com o apoio dos demais prefeitos acreanos e agora contará com a liderança do Governo do Estado, o que, segundo ele, garante mais segurança jurídica, técnica e financeira. “Assinar um contrato sem clareza sobre a execução e os impactos seria irresponsável. O modelo anterior apresentava riscos operacionais e financeiros. Agora, com a estrutura do Estado, o projeto ganha consistência e capacidade de captação de recursos federais”, afirmou.
Custo do estudo é outro ponto de embate
Bocalom também questionou os valores do estudo apresentado inicialmente por Alan Rick. Segundo ele, o custo estimado saltou de R$ 7 milhões para R$ 14 milhões sem justificativas claras. “Tem alguma coisa errada aí, ou não tem?”, provocou o prefeito. Ele comparou esse valor com o estudo completo de água e esgoto contratado pelo Governo do Estado em 2022, que custou pouco mais de R$ 4 milhões.
“Não vou colocar os prefeitos nem os municípios em uma dívida milionária por um projeto sem garantias. E muito menos transferir para o povo uma taxa de lixo impagável. O caminho precisa ser técnico, responsável e justo”, disse.
Apesar da troca de farpas, tanto Rick quanto Bocalom apontam para a importância de um projeto robusto e eficiente de saneamento para o Acre. O senador celebra o fato de o governo estadual ter abraçado a causa, enquanto o prefeito reforça que o Estado agora lidera a iniciativa, com apoio dos prefeitos.
“Não estamos aqui para disputar protagonismo. Estamos aqui para resolver”, declarou Bocalom. “O que importa não é quem aparece, mas que o serviço chegue à população”, explicou.