A paz voltou a reinar no PT do Acre. É o que garante o novo presidente estadual da sigla, o vereador de Rio Branco André Kamai, eleito dirigente do partido no último domingo, 6, em pleito com chapa única.
A candidatura do parlamentar veio aos 45 do segundo tempo e teve caráter conciliador. Isso porque o único nome inicialmente posto na disputa, o do ex-presidente Cesário Braga, não agradou o diretor da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) Jorge Viana, que ainda tem influência na legenda.
Em entrevista dias antes do pleito no partido, o ex-senador afirmou que “quem destruiu o PT quer voltar [à presidência da sigla]”. Ele e Cesário teriam se desentendido em 2018, quando Viana perdeu a disputada reeleição para o Senado após o PT insistir em lançar dois nomes para a Casa legislativa, diluindo os votos na sigla.
Diante da lavagem de roupa suja em público por Viana, que expôs as entranhas de um PT ainda dividido, Cesário, que sempre foi um soldado do partido, tomou a nobre decisão de desistir do comando da sigla, alegando não querer ser motivo de divisões internas. “O que mais desejo é paz”, afirmou, em nota.
E a paz, pelo menos aparente, veio, assegurou o agora presidente estadual do PT André Kamai, que, em entrevista À GAZETA, falou sobre como será sua atuação à frente da sigla que governou o Acre por 20 anos.
Confira:
Desafios do novo comando estadual do PT
“A primeira coisa é, obviamente, continuar mobilizando e organizando o partido na base para que a gente tenha a companheirada mobilizada e um PT fortalecido. Isso é fundamental. Outro desafio é preparar o partido para as eleições de 2026. Nós estamos dialogando com a federação PT, PCdoB e PV e com os outros partidos da aliança do campo progressista para construir uma frente viável e com condições de fazer essa disputa”.
“E, particularmente, no PT a gente tem um desafio de apresentar e de viabilizar a candidatura do companheiro Jorge Viana para o Senado. Nós achamos que essa é uma missão importante para o Acre”.
Candidaturas proporcionais
“Também temos o desafio de melhorar e qualificar a nossa bancada federal e ajudar a mudar a correlação de forças no Congresso. Esse Congresso que a gente está vendo aí infelizmente se mobiliza contra o povo. Então a ideia é que a gente ajude a mudar essa correlação de forças para ajudar o presidente Lula. E por falar em Lula, nós também temos como prioridade a reeleição dele, o que vai ajudar também o Acre”.
Nomes para o governo do Acre
“A gente tem pautado que é importante participar da eleição de forma integral. Então o PT tem defendido que essa aliança progressista tenha candidatura ao governo. O partido não apresentou nomes, o pleito do PT é a candidatura do Jorge Viana ao Senado. Mas nós não estamos nos retirando do processo”.
“Óbvio que se a federação e a aliança encontrarem no PT um nome que possa fazer essa disputa, nós estamos prontos para apresentar candidatura e fazer o debate sobre o Acre, porque uma das preocupações é que essa eleição não discuta o estado e fique apenas na questão ideológica, se é bolsonarista ou lulista, se é amigo do Gladson ou não. A gente quer discutir questões importantes para o Acre, como produção, saúde e educação”.
PT dividido
“Não temos um problema de dois grupos no PT. Muita gente olha de fora como se tivéssemos criando um problema e brigando internamente. Na verdade, a gente cresceu nesse processo. É o processo da política. Muita gente, às vezes, não tá acostumada com a política, mas a política é isso. É a capacidade de construção coletiva de consenso. Então o PT conseguiu fazer um bom arranjo. A gente construiu uma direção forte, com todas as forças do PT dentro, com o compromisso de cuidar de todo mundo e se preparar para essa próxima etapa”.
Cesário Braga e paz no PT
“O companheiro Cesário será candidato a deputado estadual, com o compromisso do PT de que seja uma candidatura viável e que a gente também fortaleça essa chapa, trazendo mais nomes que tenham condição de fazer a disputa. Quanto mais chapas, melhor. Assim como a participação do PCdoB vai ser fundamental. Hoje, o único mandato que nós temos é o do Edvaldo Magalhães na Aleac”.
“Então, o PT está em paz. O PT fez o seu processo político. E isso não nos causou ódio, rancor, raiva ou revanchismo. A gente consolidou o processo em consenso e em paz – e agora vamos conduzir juntos esse fortalecimento do PT daqui para frente”.
