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Acre em estado de emergência: Sazonalidade do vírus sincicial respiratório somada à seca extrema e ao calor ameaça saúde de crianças de até 6 anos

Por: Tácita Muniz

A Gazeta do Acre por A Gazeta do Acre
16/08/2025 - 14:00
Helena trava uma batalha desde os dois meses de vida e a mãe não vê a hora de leva-la para casa. Foto: Tácita Muniz

Helena trava uma batalha desde os dois meses de vida e a mãe não vê a hora de leva-la para casa. Foto: Tácita Muniz

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  • No dia 6 de agosto, o governo publicou o decreto Nº 11.733, que estabeleceu situação de emergência em todo o estado do Acre, em decorrência da estiagem e do aumento das temperaturas.
  • Número de internação na UTI pediátrica é três vezes maior do que há cinco anos.

“Quero que ela saia daqui, fique bem e não precise mais voltar.” A voz de Prislaine da Silva Matos se quebra entre lágrimas enquanto observa a filha, Helena da Silva, de apenas quatro meses, internada desde julho no Hospital da Criança. A bebê deu entrada na unidade com bronquiolite e evoluiu para um quadro grave, aguardando a tão esperada alta há mais de dois meses.

Desde maio, o Acre tem registrado um aumento expressivo nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), resultando na superlotação dos leitos de UTI pediátricos. Esse cenário está relacionado à sazonalidade do vírus sincicial respiratório (VSR), que levou o governo do estado a decretar situação de emergência ainda em maio, por meio do decreto nº 11.688.

A decisão veio para acelerar a adoção de medidas diante do aumento expressivo nos casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e da superlotação dos leitos de UTI pediátricos.

Paralelamente e sequencialmente, a capital vive uma crise hídrica: com o Rio Acre se aproximando da menor cota já registrada, que é de 1,23 metro, o governo decretou, em 6 de agosto, situação de emergência em todo o estado por conta da seca extrema.

Acre em estado de emergência: Sazonalidade do vírus sincicial respiratório somada à seca extrema e ao calor ameaça saúde de crianças de até 6 anos
Número de leitos pediátricos precisou ser ampliado e estado decretou emergência. Foto: Agnes Cavalcante/Sesacre

O atual cenário no Acre escancara uma tendência que tem se repetido com preocupante frequência nos últimos anos: a intensificação de eventos climáticos extremos em curtos intervalos de tempo. O estado tem batido recordes de calor, enfrentado níveis críticos de poluição do ar e registrado as menores cotas do Rio Acre.

Em 2024, pesquisadores da Universidade Federal do Acre (Ufac) publicaram, em inglês, o artigo “Extremos Climáticos na Amazônia: Aumento das Secas e Inundações no Estado Brasileiro do Acre”, na revista “Perspectives in Ecology and Conservation”. O documento mostra que o Acre pode ser uma das regiões brasileiras mais afetadas por eventos climáticos extremos, sendo o ano de 2010 o ponto de virada para essa ocorrência.

Os pesquisadores analisaram estudos, decretos estaduais e municipais sobre alertas climáticos divulgados entre 1987 e 2023. Eles quantificaram a frequência de inundações, secas, crises hídricas e incêndios florestais no Acre, identificando suas causas e impactos.

A pesquisadora da Ufac e coautora do estudo, Sonaira Silva, explica que a partir de 2010 se vê uma ruptura do padrão vigente até então, sendo que até 2004 os registros mostravam a ocorrência de um evento extremo por ano nos municípios acreanos, em média; e que, sobretudo após 2010, dois ou mais eventos foram identificados frequentemente no mesmo ano e num mesmo município.

“Esse é o padrão que está se mostrando para o futuro; o ambiente não está conseguindo se regenerar depois de cada evento e, a cada ano, está mais frágil”, disse.

O artigo evidencia que 60% das ocorrências no período analisado foram de incêndios florestais ou queimadas em áreas desmatadas, 33% foram inundações e 6%, crises hídricas. “Geralmente as pessoas mais afetadas são aquelas que estão em áreas de risco, pessoas mais pobres e com menos estrutura”, ressaltou Sonaira.

Acre em estado de emergência: Sazonalidade do vírus sincicial respiratório somada à seca extrema e ao calor ameaça saúde de crianças de até 6 anos
Sazonalidade do VSR somada à seca e altas temperaturas deixam crianças mais vulneráveis. Foto: Pedro Devani/Secom

O impacto no sistema imunológico

Nesse contexto de extremos, algumas populações são especialmente vulneráveis, entre elas, as crianças na primeira infância, de 0 a 6 anos. Estudos apontam que a exposição prolongada a altas temperaturas aumenta significativamente o risco de doenças respiratórias e outras complicações nessa faixa etária.

“O calor extremo afeta mais bebês e crianças pequenas do que a maioria dos adultos porque seus corpos menores se aquecem mais rapidamente e têm menos capacidade de liberar calor por meio da transpiração. Os sistemas biológicos que regulam a temperatura corporal em bebês e crianças pequenas são menos desenvolvidos e, portanto, menos eficientes. Os bebês e as crianças pequenas também não conseguem procurar ambientes mais frescos ou obter água para beber sem depender de adultos”, destaca um relatório divulgado pelo Núcleo Ciência Pela Infância, com texto do Center On The Developing Child de Harvard.

Ainda segundo o estudo, a exposição prolongada a altas temperaturas pode comprometer o funcionamento do sistema imunológico. Isso acontece porque o calor excessivo degrada proteínas chamadas de “proteínas de choque térmico”, que normalmente ajudam o corpo a lidar com o estresse térmico.

“Quando essas proteínas se deterioram, o organismo passa a tratá-las como invasores, acionando células de defesa para combatê-las, o que desvia o sistema imunológico de sua função principal: produzir anticorpos contra vírus e infecções. Com menos anticorpos disponíveis, o corpo se torna mais vulnerável a doenças, inclusive aquelas transmitidas por insetos, como a febre do Nilo Ocidental e a doença de Lyme, que têm se espalhado para novas regiões em razão do aumento das temperaturas”, completa.

Além disso, o calor constante mantém o corpo em estado de alerta inflamatório, o que pode sobrecarregar os órgãos e aumentar o risco de problemas como asma, doenças cardíacas e diabetes.

Acre em estado de emergência: Sazonalidade do vírus sincicial respiratório somada à seca extrema e ao calor ameaça saúde de crianças de até 6 anos
Na primeira infância, fase fundamental para o desenvolvimento, as crianças são as mais afetadas com esses efeitos climáticos. Foto: Tácita Muniz

Leitos pediátricos superlotados

Em maio, diante do aumento expressivo nos casos de síndromes respiratórias e da superlotação nos leitos pediátricos, o governo do Acre decretou estado de emergência e anunciou a ampliação da estrutura hospitalar. Foram adicionados 10 novos leitos pediátricos ao Hospital da Criança, elevando o total para 70. A unidade é uma das principais referências no estado para atendimentos e internações infantis.

“A sazonalidade do vírus sincicial respiratório (VSR) gera a bronquiolite, que começa a ter um boom no final de março e vai até junho. São três meses bem pesados. Já no começo de julho, começa a declinar esses casos específicos. Em seguida, começa agosto e setembro, quando passamos a registrar infecção respiratória, mas são internações mais leves do que a bronquiolite, são crianças que vão ter complicações com asmas, crises de tosse, mas não chega a ser uma internação como acontece com a bronquiolite”, explica Socorro Elizabeth Rodrigues de Souza, pediatra intensivista e gerente geral do Hospital da Criança em Rio Branco.

O aumento nas internações também é evidente nos registros da própria unidade. Em janeiro, a UTI pediátrica contabilizou 91 internações e em maio esse número saltou para 186. Há ainda um crescimento expressivo quando se observa a evolução ao longo dos anos. Em maio de 2020, foram registradas 64 internações, enquanto no mesmo mês deste ano o número chegou a 186, quase três vezes mais que há cinco anos.

Acre em estado de emergência: Sazonalidade do vírus sincicial respiratório somada à seca extrema e ao calor ameaça saúde de crianças de até 6 anos
Número de leitos saiu de 50 para 70 para atender demanda, que aumenta a partir de maio com vírus respiratórios e segue com internações devido a queimadas e poluição do ar. Foto: Agnes Cavalcante/Sesacre

Ao analisarmos os dados anuais desde 2020, também é perceptível esse aumento. Segundo os registros, em 2020 foram contabilizadas 1.056 internações de crianças, enquanto em 2024 esse número saltou para 1.484, um crescimento de 29% no período.

Segundo a pediatra, os efeitos dessas internações não se limitam ao curto prazo e podem impactar a saúde das crianças até a vida adulta. Ela ressalta ainda a importância de reforçar a vacinação nessa faixa etária como medida essencial de prevenção.

“A gente está vivendo um período ainda não muito bem definido, mas já conseguimos detectar sequelas causadas pela pneumonia grave. Nessas situações, a criança pode perder parte do pulmão e ter a capacidade pulmonar comprometida. Além disso, a criança que teve bronquiolite fica ainda mais vulnerável a infecções virais, ela contrai a infecção e, até os três anos de idade, tende a chiar com mais facilidade”, explica.

O sonho da alta

Desde que a pequena Helena foi internada com bronquiolite, a mãe de primeira viagem, Prislaine da Silva Matos, vive à espera do dia em que poderá atravessar aquela porta com a filha nos braços, rumo à casa e à vida fora dos corredores hospitalares. O quadro se agravou, exigindo uma traqueostomia, e agora os médicos investigam possíveis sequelas.

Até que se saiba a extensão do impacto em sua saúde, Prislaine permanece ao lado da filha, cuidando, zelando e resistindo. O cansaço e a apreensão se acumulam, mas não superam o desejo profundo de vê-la livre dos aparelhos.

“A gente percebe uma diferença nessas internações também depois da Covid, pois parece que o vírus vem mais forte e as crianças estão sofrendo mais com ele. Teve crianças que entraram junto com a Helena, foram para o tubo, mas com sete dias já estavam indo pra casa. Já a Helena ainda está há dois meses e teve que fazer traqueostomia para poder sair da ventilação. Mas, sigo sonhando com o dia em que vamos sair daqui.”

Aos 8 meses de vida, Levi Menezes precisou ser internado devido a uma pneumonia. A mãe, Maria Cleuciane Menezes, conta que, com o início da estiagem no Acre e altas temperaturas, recorre a diversas estratégias para amenizar o calor e o tempo seco dentro de casa. No entanto, apesar dos esforços, essas medidas nem sempre são suficientes para proteger o filho dos efeitos do clima.

“Fecho a janela, coloco toalha molhada e dou sempre aquele banho quando está muito quente, mas é difícil amenizar, porque a criança gosta de estar brincando e é mais vulnerável a essas mudanças de tempo, ao calorão e ao tempo seco. É um período bastante complicado para as crianças e também para os idosos”, relata.

Acre em estado de emergência: Sazonalidade do vírus sincicial respiratório somada à seca extrema e ao calor ameaça saúde de crianças de até 6 anos
Rio Iaco, ainda no final de julho, passou a registrar menos de um metro, comprometendo a trafegabilidade pelo manancial. Foto: Tácita Muniz

Quando o rio não chega, a vida também não

Mesmo vivendo cercadas pela natureza e defendendo a floresta em pé, as crianças também sentem os impactos dessas mudanças nas comunidades indígenas, é o que revela Sabá Manchineri, cacique da Aldeia Twatwa, em Sena Madureira, onde vivem 86 pessoas.

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A comunidade, às margens do Rio Iaco, já enfrentava, no fim de julho, a escassez e o calor intenso. Muitas crianças estavam gripadas e o nível do rio havia caído para menos de um metro, chegando a apenas 71 centímetros.

“A gente não só sente, como as consequências são bem mais complicadas do que nos anos anteriores, e as crianças sentem mais, porque não têm a autonomia que a gente tem. Ultimamente, é difícil não ver uma quantidade grande de crianças gripadas. E a outra coisa é essa seca, não era para estarmos com os igarapés e os rios assim, totalmente secos ainda nessa época do ano”, diz.

Ele aponta ainda outro problema que afeta a imunidade das crianças na comunidade. Com a seca do rio, a morte dos peixes já é uma realidade que foi registrada em anos anteriores, comprometendo a segurança alimentar dos indígenas e tornando o sistema imunológico infantil ainda mais vulnerável a doenças.

“Chega um momento em que a água esquenta tanto que os peixes morrem. Acredito que também diminui o oxigênio, então são duas consequências: a quentura e a diminuição do oxigênio na água. A alimentação fica escassa, e isso tem afetado bastante a gente. Nossa resposta para isso é poluir menos, desmatar menos, ter mais cuidado com o plantio, com a regeneração da natureza. Inclusive, tenho trabalhado com SAFs [sistemas agroflorestais] e busco esse equilíbrio, sem destruir, mas também aproveitando o que a natureza nos oferece.”

Acre em estado de emergência: Sazonalidade do vírus sincicial respiratório somada à seca extrema e ao calor ameaça saúde de crianças de até 6 anos
Comunidades isoladas são as mais afetadas com mudanças climáticas, pois muitas dependem exclusivamente do rio para abastecimento. Foto: Tácita Muniz

Marcia Castro, professora Andelot de Demografia, é chefe do Departamento de Saúde Global e População da Universidade Harvard e dirige o Programa de Estudos Brasileiros do Centro David Rockefeller de Estudos Latino-Americanos (DRCLAS).

Para ela, conter os impactos exige uma combinação de estratégias: ampliar a vacinação do público-alvo e avançar no planejamento prévio para mitigar os efeitos da seca. Isso é especialmente urgente nas comunidades ribeirinhas, onde o rio representa uma verdadeira fonte de vida.

“Se você tem as queimadas, você tem os poluentes com todas as consequências para a saúde. Na seca, se você tem populações isoladas, você tem o problema da nutrição, você tem o problema de não chegar nada naquela comunidade. Se o barco não consegue navegar, não chega comida, remédio, então você tem todo um efeito nutricional que deixa essa criança vulnerável a várias coisas, porque, enfim, ela vai ficar subnutrida”, pontua.

A cientista destaca ainda que, dependendo de como essa água baixa de quão rápido isso acontece,  criam-se ainda espécies de bolsões nos rios que podem facilitar a proliferação de vetores.

“Então, se for uma área com malária você pode ter um aumento por causa do vetor, ele aumenta a densidade e tem um parasita circulando, você pode ter um aumento de múltiplas coisas, inclusive deixando as grávidas mais vulneráveis e afetando consideravelmente a qualidade da água.”

Acre em estado de emergência: Sazonalidade do vírus sincicial respiratório somada à seca extrema e ao calor ameaça saúde de crianças de até 6 anos
Na terra indígena Mamoadate, comunidade passou a empregar os sistemas agroflorestais como recuperação das áreas. Foto: Alefson Oliveira/Secom

Sem justiça climática, não há justiça social

A promotora de Justiça Joana D’Arc Dias Martins, do Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), especialista em mudanças climáticas e extremos climáticos, é autora do livro “Desastres Ambientais e Violação de Direitos Humanos e Fundamentais – A Mudança Climática como Multiplicador de Riscos”. Ela relembra que o descuido com o clima e com a preservação ambiental acaba violando direitos humanos fundamentais, já garantidos na Constituição e em acordos internacionais.

“As crianças são as que mais sofrem. A gente vê pelas UTIs, que vivem lotadas. Isso é uma violação aos direitos humanos e fundamentais, e não falo só por força de expressão. A Constituição Federal, no artigo 225, é clara ao afirmar que o meio ambiente é um direito fundamental e, por consequência, hoje também o clima. O Supremo Tribunal Federal já reconheceu isso expressamente, inclusive recentemente, em 2022, no julgamento da DPF [Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental] 708, sobre o Fundo Clima. Na ocasião, afirmou textualmente que o direito a um clima limpo, estável e seguro é um direito fundamental”, frisa.

E esse entendimento se reflete também em direitos internacionais firmados em anos anteriores. Ela enfatiza também que essa justiça climática também leva em consideração a questão intergeracional, uma vez que as mudanças climáticas, além das consequências que hoje são vivenciadas, tem um efeito para o futuro.

Acre em estado de emergência: Sazonalidade do vírus sincicial respiratório somada à seca extrema e ao calor ameaça saúde de crianças de até 6 anos
Descuido com meio ambiente fere direitos humanos, analisa promotora especialista no tema. Foto: Tácita Muniz

“Precisamos considerar as consequências. Hoje já estamos vivendo em um ponto crítico da questão climática, mas daqui uma década vai estar pior, então essas pessoas que hoje não contribuíram em nada nas mudanças climáticas, que não influenciaram o processo político, que não votam, é que sofrerão as consequências e neste momento estão sub-representadas, porque sequer podem escolher os seus políticos e sabemos bem que a crise climática tem ligação direta com escolhas políticas daqueles que estão hoje no poder”, pontuou.

Para ela, a justiça climática tem que estar no centro dos debates e conduzir os eixos de tomadas de decisões.

“Esse precisa ser o foco dos governantes ao implementar políticas públicas, caso contrário, corre-se o risco de elas não surtirem o efeito desejado. Quando o assunto é mudanças climáticas, não se pode pensar em políticas sem considerar a justiça climática. Esse deve ser o eixo central: levar em conta as consequências para aqueles que já vivem em situações mais propensas a sofrer os impactos da crise climática, considerando ainda a desigualdade na forma como esses efeitos se distribuem”, reforça.

Acre em estado de emergência: Sazonalidade do vírus sincicial respiratório somada à seca extrema e ao calor ameaça saúde de crianças de até 6 anos
Área foi atingida por incêndio em 2019 e engenheiro florestal, morador do condomínio, passou a recuperar a área. Foto: Quelyson Souza

Replantar para reconstruir o que o fogo levou

Em meados de 2019, um incêndio de grandes proporções atingiu o condomínio onde o engenheiro florestal Quelyson Souza mora com os filhos, destruindo boa parte da área verde da reserva local. Diante da perda, ele decidiu iniciar um processo de reflorestamento, utilizando mudas de espécies nativas adquiridas no viveiro da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), onde atua profissionalmente.

Mais do que recuperar o bosque, a iniciativa também teve um propósito educativo: ensinar aos filhos, na época com 5 e 7 anos, o valor da preservação ambiental e o impacto positivo de ações concretas no espaço em que vivem. Desde então, cerca de 60 árvores foram plantadas ao longo dos anos, transformando a área em um símbolo de resiliência e cuidado com a natureza.

“É um ato simbólico, pedagógico, e, guardadas as proporções, se cada um fizer sua parte, podemos sim gerar impacto positivo. Claro que 60 árvores não vão reverter o cenário global, mas o gesto representa muito e impacta o ambiente onde moramos. Além do valor educativo e ambiental, há também o conforto que isso traz: os idosos do condomínio podem caminhar sob a sombra, a fauna começa a retornar, os passarinhos voltam ao bosque no fim do dia. Tudo isso tem um significado profundo”, destaca.

Outro benefício da iniciativa é o conforto ambiental proporcionado à comunidade. Para Souza, o trabalho realizado com os filhos é a prova de que gestos simples podem transformar uma pequena área e gerar impactos positivos no cotidiano das pessoas.

“Como pai e engenheiro florestal, tento incentivar meus filhos, e também as crianças do condomínio, a perceberem a importância dessa ação. Inclusive, filhos de amigos já plantaram ipês por aqui. A arborização urbana é essencial porque, além de trazer conforto ambiental para quem frequenta o espaço, ela atrai aves que ajudam na dispersão de sementes e tornam o ambiente mais agradável de se observar”, completa ao enfatizar que o condomínio se tornou um refúgio da poluição sonora e visual das cidades.

“Aqui, as famílias se encontram sob as árvores, os idosos caminham, passeiam com seus cachorros, fazem piqueniques, aliviam o estresse. Esse bosque virou um espaço de convivência e bem-estar. E mais do que isso: os condomínios têm a obrigação de manter áreas com cobertura vegetal, então acabamos atendendo a vários propósitos ao mesmo tempo.”

Marco histórico

Em um passo inédito e estratégico, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta terça-feira, 5 de agosto, a Política Nacional Integrada para a Primeira Infância (PNIPI). A medida coloca o cuidado com bebês e crianças pequenas no centro da agenda pública de combate às desigualdades sociais no país, e posiciona o Brasil como referência global ao tratar a primeira infância (do 0 aos 6 anos) como política de Estado.

Prevista no Marco Legal da Primeira Infância, de 2016, a PNIPI tem como objetivo integrar ações de diferentes áreas e esferas de governo para garantir o que a ciência já demonstrou ser essencial: cuidado integral nos primeiros anos de vida. A política prevê a articulação entre municípios, estados e União, a criação de um banco de dados nacional e o fortalecimento de ações intersetoriais que assegurem o bem-estar das crianças e de suas famílias.

“É uma vitória que coloca o Brasil na vanguarda mundial. Finalmente vamos olhar para essa questão com a urgência que ela merece. Quanto mais integradas forem as ações entre os entes federativos, mais eficazes serão as respostas e os retornos sociais e econômicos. Essa política é a chance de olharmos para as crianças de forma integral, quebrar ciclos de desigualdade e oferecer a elas um começo justo. As crianças têm pressa e nós também”, afirmou Mariana Luz, CEO da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.

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