O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, lançou nesta terça-feira, 26, o Refis 2025 do Serviço de Água e Esgoto (Saerb) com uma proposta clara: recuperar parte dos mais de R$ 100 milhões em dívidas acumuladas pelos consumidores. A nova edição do programa oferece até 95% de desconto sobre juros e multas para pagamentos à vista, além de parcelamentos em até 60 vezes, sendo que a adesão pode ser feita até o dia 31 de dezembro, podendo o prazo ser prorrogado por 150 dias.
Por trás da iniciativa, há um alerta direto à população. “Ou a população paga, ou vão acabar privatizando. E aí, a conta pode ficar até dez vezes mais cara”, avisou Bocalom durante coletiva de imprensa. Segundo o prefeito, manter o Saerb como uma empresa pública depende do esforço coletivo da cidade.
“Hoje, o Saerb ainda não se sustenta. A prefeitura já investiu mais de R$ 200 milhões para não deixar a população sem água. Mas isso não pode continuar”, disse o gestor. Ele destacou que o objetivo é transformar o Saerb em uma autarquia funcional, como aconteceu com a Emurb, empresa de urbanização que hoje opera sem repasses diretos do município.
O Refis 2025 vem em um momento crítico. A inadimplência histórica, somada a uma rede de abastecimento antiga e frágil, coloca em risco as metas do marco legal do saneamento, que exige cobertura de água e esgoto para todos até 2033. “Não adianta cobrar asfalto se nem o IPTU é pago. É a mesma lógica. Se não pagam a conta de água, como vamos manter o sistema funcionando?”, questionou o prefeito.
O presidente do Saerb, Enoque Pereira, reforçou o apelo. “Não dá para cobrar um serviço melhor se o usuário não paga. A tarifa aqui é a mais barata da região Norte: R$ 38,40 a comum e R$ 19 a social. Mesmo assim, enfrentamos dificuldades”, declarou.
Segundo Enoque, atualmente menos de 30% dos imóveis em Rio Branco são equipados com hidrômetros, o que gera distorções na cobrança. “Sem hidrômetro, a cobrança é por estimativa e a empresa perde receita. Com o pagamento em dia, poderíamos acelerar a instalação de mais medidores e oferecer um serviço mais justo e eficiente”, explicou.
Apesar das dificuldades, o presidente acredita que o Saerb está “virando o jogo”. Em 2022, apenas 28% dos custos da autarquia vinham da própria arrecadação. Em 2025, a meta é chegar a 80%. “Mas para isso, precisamos da colaboração da população. Se privatizar, o preço da água vai disparar, como já acontece em cidades como Manaus e Curitiba”, alertou.
Além de descontos expressivos, o Refis 2025 traz uma proposta de responsabilidade social. “Não estamos falando só de números. Água não é como energia, que dá para viver alguns dias sem. É uma necessidade básica. E a gente quer garantir que ela continue acessível para todos”, concluiu Bocalom.
A adesão ao programa já está aberta. Interessados podem procurar o Saerb para negociar seus débitos e aproveitar os descontos até o prazo final.