O enfrentamento ao tráfico de drogas no Brasil, especialmente na região amazônica, tem revelado contrastes significativos entre os dados estaduais e federais. No Acre, por exemplo, as apreensões de maconha feitas pela Secretaria Estadual de Segurança Pública saltaram de 496,74 kg em 2023 para 1.677,33 kg em 2024, um aumento de quase 3,3 vezes. Em contrapartida, a Polícia Federal registrou uma queda de 48,7% nas apreensões do mesmo entorpecente no estado: de 1.090,10 kg para 559,03 kg.
Já no caso da cocaína, o cenário foi de retração em ambas as frentes. As secretarias estaduais apreenderam 637,50 kg em 2023 e 315,74 kg em 2024, uma redução de 50,5%. Pela Polícia Federal, a queda foi ainda mais expressiva: de 1.226,79 kg para 307,87 kg, ou 74,9% a menos.
Nacionalmente, as apreensões de maconha por órgãos estaduais cresceram 21,5%, atingindo 1.416.943,54 kg em 2024. Já a cocaína registrou um avanço mais modesto de 10,1%, totalizando 128.885,6 kg. As ações da Polícia Federal, por sua vez, também indicaram crescimento nacional: 16% a mais para a maconha (de 416.394,23 kg para 482.972,95 kg) e 2,8% para a cocaína (de 72.504,81 kg para 74.501,02 kg).
Apesar desses avanços quantitativos, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025, onde foram divulgados os dados, reforça a complexidade do enfrentamento ao tráfico de drogas na Amazônia, onde os desafios territoriais, logísticos e institucionais exigem soluções integradas e específicas.
A região é marcada por uma vasta malha hidrográfica e fronteiras porosas, que tornam a fiscalização difícil e favorecem o escoamento de entorpecentes — especialmente a cocaína proveniente do Peru, Colômbia e Bolívia. A chamada “Rota do Solimões”, que segue o curso do rio Amazonas desde a tríplice fronteira em Tabatinga (AM) até os portos do Atlântico, se consolidou como uma das principais vias de transporte do tráfico transnacional.
“A eficácia logística do transporte fluvial, em detrimento do aéreo, também justifica a escolha da rota”, destaca o coronel PM da reserva e doutor em Ciências, Cesar Mauricio de Abreu Mello, ao explicar que os rios amazônicos oferecem baixo custo, alta capacidade de carga e caminhos alternativos em períodos de cheia.