Um grupo de amigas em Rio Branco encontrou na literatura uma forma de troca, aprendizado e fortalecimento de laços afetivos. Há quase uma década, em 2016, surgiu o Clube do Livro, reunindo mulheres, e alguns homens, de diferentes idades e profissões, que se encontram mensalmente para discutir obras escolhidas em conjunto. Do infantojuvenil à literatura contemporânea e clássicos, os livros tornam-se ponto de partida para diálogos que vão além da leitura. A GAZETA conversou com algumas participantes do grupo para entender como a combinação entre hábito de leitura e amizade transforma a experiência em algo ainda mais enriquecedor.
A ideia nasceu de um desejo comum entre amigas de compartilhar leituras e trocar impressões. Uma das fundadoras é a antropóloga Ronizia Gonçalves. Ela conta que durante um almoço, decidiram criar o clube e marcaram a primeira reunião com convidadas indicadas por cada integrante. “Cada participante trouxe livros e apresentou suas sugestões, e a partir daí passou-se a realizar leituras conjuntas, definindo uma obra por vez para que todos pudessem ler e discutir”, lembrou.

“Foi assim que surgiu a ideia: a gente gosta de ler, mas sentia falta de discutir essas leituras. Então pensamos que seria interessante criar esse clube para ler juntas e compartilhar impressões. A Geci pesquisou na Internet sobre como funcionavam clubes de leitura e uma outra amiga já tinha participado de um clube nos Estados Unidos”, conta Ronizia.
Durante a pandemia, os encontros presenciais foram suspensos, mas a troca de ideias seguiu pelo WhatsApp, retomando a dinâmica presencial após o isolamento social.
Para as integrantes, a leitura é muito mais que um hábito, é uma experiência transformadora que enriquece, emociona e aproxima. Elas definem os livros como fonte de conhecimento, autoconhecimento e até de cura, capazes de abrir horizontes e permitir diferentes interpretações a partir de uma mesma história.

Segundo Helen Ferraz, engenheira agrônoma e integrante do clube desde o início, o grupo é um verdadeiro alimento para a alma. “Eu sempre saio das reuniões melhor do que entrei. É muito enriquecedor discutir um livro com pessoas de vivências distintas da nossa, isso traz percepções novas de assuntos que, muitas vezes, já temos opiniões formadas”, comenta.
O processo de escolha das leituras é democrático. Cada participante indica um livro no início do ano, e um sorteio define a sequência das leituras. Esse modelo permite que os integrantes tenham contato com obras que dificilmente escolheriam sozinhos.

“Uma amiga, Geci, indicou um livro sobre cerâmica, que eu jamais leria por conta própria. E foi fantástico, conta a história da porcelana desde a China, e eu aprendi muito com ele”, relata Ronizia.
Os encontros do Clube do Livro acontecem uma vez por mês e já passaram por diversos espaços ao longo do tempo. Inicialmente, as reuniões eram realizadas na casa da fundadora Geci, mas, com o tempo, o grupo expandiu os locais, incluindo livrarias, Ufac, Horto Florestal, Ateliê das Gostosuras, casas de outros participantes.
“Sempre gostei de ler e também sempre gostei de compartilhar o que eu leio. E aí eu falava muito sobre os livros com minhas amigas, meus amigos. E sentia falta de ter esse retorno. E aí você ter o privilégio de ter um grupo que lê o mesmo livro e partilhe as suas impressões é muito maravilhoso. Além daquilo que você sentiu, você amplia ainda mais a leitura com a percepção das outras pessoas. O princípio disso foi o vínculo de amizade, porque a gente criou o clube já a partir de um grupo de amigas e um vínculo que a gente já tinha, mas que se fortalece e criou vínculos com outros amigos”, disse Ronizia.

Em quase dez anos, o clube já leu e discutiu vários títulos, incluindo clássicos, best-sellers e contemporâneos. Para o próximo ano, quando o grupo completa uma década, as organizadoras planejam uma programação especial, com encontros temáticos, leitura de autores brasileiros e participação de convidado.
Confira as leituras de 2025
- Bem-vindos à Livraria Hyunam-Dong
- A Vegetariana
- A vida impossível – Matt Haig
- Salvar o fogo – Itamar Vieira Jr.
- O velho que lia romances de amor – Luís Sepúlveda
- As pontes de Madison
- A louca da casa – Rosa Montero
- Um copo de cólera – Raduan Nassar
- Filhas da Deusa – Linda Johnsen
- O Morro dos Ventos Uivantes – Emily Brontë
- Um lugar bem longe daqui – Delia Owens
- Pimentas – Rubem Alves