Entre desafios diários e momentos de afeto, dois pais solos acreanos mostram que a paternidade é feita de coragem, dedicação e amor incondicional. Neste Dia dos Pais, o servidor público Eustério Silva e o delegado Roberth Alencar compartilham com A GAZETA histórias de superação e vínculo profundo com os filhos, revelando o lado humano e transformador da criação solo.
Para Eustério Silva, os maiores desafios foram psicológicos. Ele relata que precisou lidar com o medo de não ser capaz, insegurança, ansiedade e autocobrança ao assumir sozinho a criação da filha Esther, de 9 anos. Segundo ele, “assumir o protagonismo da criação da Esther necessitou de coragem, responsabilidade, renúncias e muito amor”.
Além disso, destacou que a rotina não é simples. “Não é fácil gerenciar um turbilhão de novas emoções que nem sempre são positivas, a vida profissional, a rotina de casa, e ao mesmo tempo ser o alicerce da nossa família”. Segundo Eustério, é um processo contínuo que exige muita conversa, respeito, parceria e o compromisso diário de estar presente, acolhendo, ouvindo, orientando e direcionando Esther rumo à autonomia.
Convivendo com a evolução da criança
Eustério ainda ressaltou que, para qualquer pai, é imensamente gratificante ver a evolução dos filhos. Sendo pai e protagonista na criação da filha, tem a alegria ampliada por acompanhar de perto cada conquista dela. Como exemplo, citou as apresentações de ginástica rítmica de Esther, realizadas para um público que chegou a lotar um ginásio.
“Era eu quem finalizava seu cabelo, retocava a maquiagem e a encorajava a vivenciar aquela experiência empolgante que a deixava com os olhinhos brilhando”, disse, destacando que essa conexão cria memórias inesquecíveis.
Sobre o equilíbrio entre trabalho e criação, Eustério explicou que a principal estratégia é o tempo de qualidade. A relação com a filha é baseada no diálogo e pequenos acordos — chamados por eles de “um combinado” — para ajustar expectativas à realidade. “Sempre que ela quer fazer algo que não é possível naquele momento, eu faço uma contraposta e negociamos até que fique bom para ambos”, explicou. Com isso, busca estimular a autonomia da filha, demonstrando que seus desejos e sentimentos não são negligenciados e que, quando necessário, adaptam a rotina à realidade familiar.
Entre os valores mais importantes que busca transmitir estão respeito, honestidade, empatia, justiça e amor-próprio. Ele afirma que isso é feito pelo exemplo, o que o obriga a ser uma pessoa melhor, já que Esther é uma verdadeira “esponjinha” que absorve tudo ao redor.
Para outros pais solos, Eustério deixa um conselho: “Se tiver medo de assumir o protagonismo na criação do seu filho, faça assim mesmo. É normal se sentir cansado ou inseguro nessa trajetória, mas o amor de um pai é uma força motivadora sem igual.” Ele acredita que, apesar dos desafios, a paternidade vivida com amor, responsabilidade, diálogo e paciência se torna uma experiência única, capaz de transformar para melhor a vida dos dois.
Superando as pressões sociais
O delegado Roberth Alencar também vive uma rotina de criação dos dois filhos. Ao portal A Gazeta do Acre, ele destaca que as pressões sociais são cada vez maiores na sociedade atual, especialmente devido à dificuldade de interação social causada por questões de segurança, jurídicas, familiares e culturais. Para ele, a força para superar esses obstáculos está em olhar para os filhos e entender que todo esforço para educá-los tem o objetivo de torná-los cidadãos que possam ter uma vida digna no futuro. “Uma força motriz para se lidar com as pressões sociais para um pai solo se reveste desse significado: proporcionar aos filhos uma vida digna”, afirmou.
Ele conta que a paternidade solo limita muito a prática de hobbies e interesses pessoais, mas consegue trazer os filhos para alguns desses momentos. Como pratica esportes, integra as crianças nessas atividades, unindo seus hobbies aos deles e às atividades extracurriculares. “Quando eu estou praticando um esporte, eles estão ali tanto perto de mim, observando a minha prática, e também praticando”, explicou, ressaltando que essa é uma forma de lazer que também permite cumprir as obrigações de pai solo.
Para estimular a independência e a autoestima dos filhos, Roberth aposta em atividades extracurriculares, leitura, atividades ao ar livre como trilhas e pesca, e principalmente esportes que fortalecem o corpo e a mente. São formas que ele encontrou para prepará-los para a complexidade da vida moderna.
Roberth acredita que os momentos mais desafiadores são justamente os simples da rotina: acordar todos os dias, estar ao lado dos filhos, preparar uma boa alimentação, organizar os estudos, atividades extracurriculares, lazer, interação social e impor limites. “[Mas] todos esses momentos têm ficado extremamente especiais, e eu valorizo isso tentando colocar boa parte do meu tempo à disposição deles, mesmo com a dificuldade inerente às responsabilidades do trabalho e outras responsabilidades”, enfatizou.
Roberth também deixou uma mensagem aos filhos. “É uma mensagem que serve para muitos filhos, é que eles cresçam com dignidade diante das oportunidades que eles têm de ter pais presentes. Espero que eles tenham uma vida futura digna, se espelhem no melhor, não só do pai, mas também dos familiares, e com essa soma de conjunto de características, de atributos, eles sejam seres humanos incríveis para a comunidade que eles vivem, para o mundo”, finaliza.
