O presidente da Câmara dos Vereadores, Joabe Lira (União Brasil), garantiu, na manhã desta terça-feira, 19, em coletiva de imprensa, que não irá engavetar o requerimento que pede o afastamento do presidente da Superintendência de Transportes e Trânsito de Rio Branco (RBTrans), Clendes Vilas Boas.
O gestor da autarquia municipal está sendo acusado de assédios moral e sexual por vários servidores da pasta. Ele nega todas as acusações e se diz alvo de perseguição política.
Porém, na sessão desta terça, 19, nove parlamentares da base aliada protocolaram pedido cautelar de desligamento de Clendes para que as investigações no órgão não sejam prejudicadas pelo superintendente.
São eles o vice-presidente da mesa diretora, Leôncio Castro (PSDB), o líder do prefeito Tião Bocalom (PL) no parlamento-mirim, o também tucano Márcio Mustafá, além de Bruno Moraes, Aiache, Felipe Tchê, Samir Bestene, Elzinha Mendonça (Progressistas), Moacir Junior (Solidariedade) e João Paulo Silva (Podemos).
Eles se juntam aos cinco parlamentares de oposição que, além de defenderem o afastamento, querem abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra o superintendente. São eles André Kamai (PT), Zé Lopes (Republicanos), Eber Machado, Neném Almeida e Fábio Araújo (MDB).

Joabe não assinou o documento por, segundo ele, prezar pela presunção de inocência de Clendes. “Sou a favor do contraditório e da defesa, que são preceitos legais estabelecidos pela Constituição”, justificou. Porém, informou que não irá travar o requerimento da base.
O documento deve ir a plenário para votação ainda esta semana, após os vereadores apreciarem vetos do prefeito Bocalom a projetos aprovados na Casa nas últimas sessões. A expectativa é para a aprovação da matéria, uma vez que pelo menos 14 dos 21 parlamentares defendem o desligamento de Clendes.
Pedido de desculpas
O presidente da RBTrans esteve no parlamento-mirim nesta segunda, 18, para uma reunião a portas fechadas com vereadores da base. A reportagem apurou, com parlamentares que participaram do encontro, que Clendes pediu desculpas pelas declarações dadas durante entrevista a uma emissora de TV local na última quinta, 14.

Na ocasião, ao ser questionado pelo apresentador se ele tem medo de uma possível Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias de perseguição e abusos na autarquia, o superintendente disparou:
“Tenho medo nada. Além da CPI da Câmara, se for levar [denúncias] a sério, não fica nenhum vereador lá. Porque se for levar a sério, acho que todos têm problema com o negócio da eleição. Se eu for arrumar uma tese aqui de fazer uma denúncia de qualquer parlamentar e procurar provas, a gente encontra. O cara vai falar ‘ah, esse aqui ele me pagou esse voto’. Sempre aparece alguém pra fazer [a denúncia]. Às vezes é até mentira”.
E continua: “Se eu for sair em campo, porque eu sou um cara popular dentro das comunidades, e procurar alguma coisa das pessoas que estão me atacando vai surgir centenas de pessoas para dizerem ‘olha, ele me pagou tanto no voto’. Aí é só reunir essas pessoas e levar na Câmara e pedir a cassação do vereador, entendeu?”.