Fotos e laudos serão anexados a processo por difamação movido pelos Macron contra a influenciadora de direita Candace Owens. A informação foi confirmada pelo advogado do casal, Tom Clare, em entrevista ao podcast Fame Under Fire, da BBC.
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Owens divulgou mais de uma vez que a primeira-dama da França é um homem. No ano passado, a influenciadora, que acumula mais de 6 milhões de seguidores no Instagram, chegou a afirmar publicamente que “apostaria toda a sua reputação profissional” na afirmação.
Primeira-dama considerou alegações “profundamente perturbadoras”, segundo seu advogado. Na entrevista ao podcast da BBC, Tom Clare disse ainda que as afirmações da influenciadora norte-americana também representam uma “distração” para o presidente francês.
Não quero sugerir que isso o tenha prejudicado de alguma forma. Mas, como qualquer pessoa que concilia carreira e vida familiar, quando sua família está sob ataque, isso desgasta. E ele não está imune a isso por ser um presidente de um país.Tom Clare, advogado do casal Macron, em entrevista ao podcast Fame Under Fire
Defesa de Owens pediu que ação fosse rejeitada. Procurada pela BBC, a equipe jurídica da influenciadora afirmou que acredita na veracidade de suas declarações e que “não há nada mais americano do que a liberdade de expressão e a possibilidade de criticar”. Já a acusação, afirmou que, entre as provas que serão apresentadas no processo contra a influenciadora, estão “testemunhos de especialistas de natureza científica”, para demonstrar “de forma genérica e específica” que as afirmações da norte-americana são falsas.
É profundamente perturbador pensar que alguém precisa se submeter a esse tipo de prova. “Mas [Brigitte] está disposta a fazê-lo. Ela está decidida a fazer o que for preciso para esclarecer os fatos. (…) Se esse desconforto e essa sensação desagradável de se expor dessa forma são o que é preciso para esclarecer as coisas e encerrar isso, ela está 100% pronta para encarar esse fardo.Tom Clare
Boato de que a primeira-dama francesa nasceu com o sexo biológico masculino teve origem anos antes. A informação repercutiu internacionalmente após a divulgação no YouTube de um vídeo de 2021 em que as blogueiras francesas Amandine Roy e Natacha Rey afirmavam que Brigitte seria um homem.
Casal Macron venceu em 2024 processo na Justiça francesa por difamação relacionada ao caso mais antigo. A ação movida contra Roy e Rey, porém, foi anulada em apelação em 2025, com base na defesa da liberdade de expressão de ambas, e não na veracidade das alegações. Os Macron agora recorrem da decisão.
Histórico de Owens
Owens trabalhou para a organização conservadora Turning Point. Ela integrou o grupo co-fundada por Charlie Kirk, recentemente assassinado nos EUA, e trabalhou como comentarista do jornal norte-americano conservador Daily Wire, antes de lançar seu podcast independente em 2024. Desde então, ela espalhou rumores ou sugeriu que conspirações estariam por trás de acontecimentos como a Covid-19, o Holocausto e os pousos na Lua.
No início de 2025, ela lançou em seu canal no YouTube uma série de vídeos sobre a primeira-dama da França. Durante a série, intitulada “Becoming Brigitte” (“Tornando-se Brigitte”, em tradução livre), Owens divulgava as informações de que a francesa escondia seu sexo biológico.
Ação contra Owens foi aberta em julho de 2025. Nesse caso, assim como em todos os processos de difamação nos EUA envolvendo figuras públicas, autores precisam provar “malícia real”. Ou seja, que o réu divulgou informações falsas conscientemente ou agiu com desprezo imprudente pela verdade. Para o advogado dos Macron, Owens “ignorou todas as evidências confiáveis que refutam sua alegação em favor de dar espaço a teóricos da conspiração conhecidos e difamadores comprovados”.
É uma questão de defender minha honra. Porque isso é um absurdo. Trata-se de alguém que sabia perfeitamente que tinha informações falsas e agiu com o objetivo de causar dano, a serviço de uma ideologia e com elos comprovados com líderes da extrema direita.
Por: UOL