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Filha de cozinheira homenageia a mãe durante formatura em medicina na UnB

Filha de cozinheira homenageia a mãe durante formatura em medicina na UnB

Foto: arquivo pessoal

A estudante Rithiele Souza Silva, 30 anos, formou-se em medicina na Universidade de Brasília, na noite desta quinta-feira (7/8). Para celebrar a conquista, decidiu homenagear a principal aliada na batalha pelo diploma: a mãe dela, a cozinheira Solange Souza Silva. Ao subir no palco, a nova médica exibiu uma embalagem vazia de marmita, símbolo da batalha que ela e a família enfrentaram para chegar naquele momento.

“As vezes pensamos em desistir, mas só quero dar uma vida tranquila para minha família”, disse Rithiele ao Correio, logo após receber o diploma. A médica recém-formada tem paralisia hemiplégica cerebral e teve que abandonar os estudos aos 13 anos, por conta de depressão e dificuldades financeiras da família.

Durante o período fora da escola, Rithiele teve vários empregos: vendedora de roupas e de maquiagem, além de atendente em lojas de departamento. A mãe dela ficou desempregada durante a pandemia da covid-19, e passou a vender marmitas para sustentar a família.

Por conta da deficiência, a jovem teve a vida marcada pelo convívio frequente com médicos e tratamentos. Devido a admiração com o trabalho daqueles profissionais, a medicina surgiu para ela como grande ambição.

Rithiele retomou os estudos e, aos 22 anos, concluiu a educação básica pela Educação de Jovens e Adultos (EJA) e decidiu que faria ensino superior. A aprovação em medicina veio em  2019, por meio de cotas para Pessoas com Deficiência (PcDs), no Sistema de Seleção Unificado (Sisu), plataforma que usa a nota do Enem e era adotado pela UnB até aquele ano.

Filha de cozinheira homenageia a mãe durante formatura em medicina na UnB
Filha de cozinheira homenageia a mãe durante formatura em medicina na UnB(foto: Arquivo pessoal)

 

O futuro na medicina

Atualmente, a estudante trabalha como terapeuta holística e taróloga, e relata que a espiritualidade foi essencial para conseguir terminar o curso na UnB. “Eu fui muito resiliente. Meu trabalho com a espiritualidade e cuidado com a saúde mental foi muito importante, porque eu fui muito testada mentalmente, mas sempre mantive a minha fé de que me formaria”, conta.

Depois da graduação, Ruthiele planeja dar uma pausa nos estudos para trabalhar e ajudar no sustento da família, mas garante que o foco continua sendo a medicina. “Vou me preparar para entrar na residência ano que vem. Tenho bastante interesse na área de psiquiatria”, conta.

O professor de medicina na UnB, Ricardo Martins, patrono da turma de Rithiele, celebrou a conquista da aluna. “Ela será uma médica excepcional, que vai saber como se portar dos dois lados da profissão, conhecerá o lado do paciente e do profissional”.

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