O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira, 23, durante seu discurso na Assembleia Geral da ONU, que se reunirá na semana que vem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para debater as retaliações que os EUA vêm aplicando ao Brasil por conta do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Durante o discurso — no qual ele também exaltou seu próprio governo e criticou a ONU —, Trump diz que teve “uma química excelente” com o presidente brasileiro, “que pareceu um cara muito agradável”.
“Eu estava entrando (no plenário da ONU), e o líder do Brasil estava saindo. Eu o vi, ele me viu, e nos abraçamos. Na verdade, concordamos que nos encontraríamos na semana que vem”, disse Trump.
“Não tivemos muito tempo para conversar, tipo uns 20 segundos (…). Mas ele pareceu um homem muito legal. Na verdade, ele gostou de mim, e eu gostei dele”.
“O Brasil agora enfrenta tarifas pesadas em resposta aos seus esforços sem precedentes para interferir nos direitos e liberdades dos nossos cidadãos americanos e de outros, com censura, repressão, armamento, corrupção judicial e perseguição de críticos políticos nos Estados Unidos”.
Trump começou o discurso exaltando seu próprio governo. “Graças à minha gestão, os EUA estão na era de ouro. Somos o país mais ‘sexy’ do mundo”, disse.
Falando pela primeira vez aos líderes de membros da ONU em seu novo mandato presidencial, o norte-americano disse ter melhorado índices de economia e levantou a bandeira de sua política anti-imigração, uma das principais marcas de seu governo até agora.
Na sequência, Trump disparou críticas à ONU, a quem culpou por “criar novos problemas” para o mundo.
“A ONU não só não resolve os problemas que deveria com muita frequência, como também cria novos problemas para nós resolvermos. O melhor exemplo é a principal questão política do nosso tempo: a crise da migração descontrolada”, disse Trump. “A ONU não está nem perto de todo seu potencial”.
Para justificar a crítica à ONU, usou o argumento que tem repetido em sua autocampanha para vencer o Prêmio Nobel da Paz: o de que “tive de encerrar, sozinho, sete guerras”, em referência a conflitos como entre Cambódia e Tailândia, Paquistão e Índia e Israel e Irã — pausado após um ataque dos EUA ao território iraniano.
“Muita gente diz que eu deveria ganhar o Nobel da Paz”.
Com um discurso que pareceu improvisado em alguns momentos — Trump alegou que o teleprompter do plenário não estava funcionando e que falaria “do coração”, o presidente dos EUA arrancou aplausos da plateia em apenas um momento: quando pediu um cessar-fogo na Faixa de Gaza.
No entanto, ele criticou a onda de países que reconheceram o Estado da Palestina nos últimos dias, como os aliados Reino Unido e França.
“Tem gente reconhecendo o Estado Palestino, seria uma recompensa muito grande para o Hamas…. Apenas libertem os reféns”.
Trump também disparou contra a Rússia e a China. Criticou a tentativa de Moscou de controlar o mercado de petróleo e gás natural e disse que se reunirá com líderes europeus ao longo da Assembleia Geral para negociar o boicote que propôs uns dias atrás.
Sobre a China, sugeriu que o país foi o responsável por criar o coronavirus.
Emulando sua primeira gestão, quando se retirou do Acordo do Clima, Trump também investiu na narrativa negacionista sobre as mudanças climáticas. Por mais de 15 minutos de seu discurso, menosprezou as mudanças climáticas e disse que “as energias renováveis são uma piada”. As previsões sobre o aquecimento global “foram feitas por pessoas estúpidas”, afirmou ainda.
Fonte: G1