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Esculturas eróticas, quadros, arma e carros de luxo são apreendidos em operação da PF contra fraude no INSS; veja

Esculturas eróticas, quadros, arma e carros de luxo são apreendidos em operação da PF contra fraude no INSS; veja

Objetos apreendidos pela Operação Cambota da Polícia Federal nesta sexta-feira (12). — Foto: Reprodução/Polícia Federal

A Polícia Federal (PF) apreendeu nesta sexta-feira (12), em São Paulo, vários quadros, esculturas eróticas, arma e carros de luxo, incluindo uma Ferrari e um Porsche, durante uma operação contra fraudes no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).

As apreensões foram feitas em endereços ligados ao advogado Nelson Wilians e ao empresário Maurício Camisotti, que foi preso na ação. Também foi preso Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”. Em endereços de Brasília, a polícia também apreendeu vários carros e dinheiro em espécie.

Wilians é acusado de ter ligação com Camisotti e com a Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec) — uma das principais entidades investigadas ao esquema de fraudes no INSS.

Uma investigação da PF revelou um amplo esquema de fraudes e desvios de dinheiro de aposentadorias e pensões do INSS. Antunes é o lobista apontado pela PF como “facilitador” do caso.

A PF afirma que associações e entidades que oferecem serviços a aposentados cadastravam pessoas sem autorização, com assinaturas falsas, para descontar mensalidades dos benefícios pagos pelo INSS.

O prejuízo, entre os anos de 2019 e 2024, pode chegar a R$ 6,3 bilhões. Em abril, quando a fraude veio à tona, o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi demitido.

Objetos apreendidos pela PF — Foto: Reprodução/Polícia Federal
Objetos apreendidos pela PF — Foto: Reprodução/Polícia Federal

Antunes foi levado para a Superintendência do Distrito Federal. Neste momento, os agentes também fazem buscas na casa dele. Segundo as investigações, ele transferiu R$ 9,3 milhões para pessoas relacionadas a servidores do INSS entre 2023 e 2024. A defesa dele não foi localizada pela reportagem.

Camisotti, que foi preso em São Paulo, é apontado como sócio oculto de uma entidade e beneficiário das fraudes na Previdência. A defesa do empresário disse não haver “qualquer motivo que justifique sua prisão no âmbito da operação relacionada à investigação de fraudes no INSS”. (Leia a íntegra ao final desta reportagem.)

Em nota, a defesa do advogado Nelson Wilians esclareceu que ele “tem colaborado integralmente com as autoridades e confia que a apuração demonstrará sua total inocência”. (Leia a íntegra ao final desta reportagem.)

No total, são cumpridos dois mandados de prisão preventiva e 13 mandados de busca e apreensão nos estados de São Paulo e no Distrito Federal. Os mandados foram expedidos pelo ministro do STF André Mendonça.

Como funcionava o esquema
Segundo a PF e a Controladoria-Geral da União (CGU), as entidades investigadas:

As associações cadastravam, sem autorização, aposentados e pensionistas do INSS e passavam a descontar mensalidades diretamente na folha de pagamento. Em muitos casos, os idosos nem sabiam que estavam sendo “associados”.

Há registros de aposentados que, no mesmo dia, foram filiados a mais de uma entidade — com erros de grafia idênticos nas fichas, apontando para fraudes.

De acordo com a PF, dirigentes e servidores do INSS recebiam vantagens indevidas para facilitar a inserção dos descontos nos contracheques dos aposentados, enquanto associações de fachada viabilizavam o desvio.
A investigação começou em 2023 na CGU, no âmbito administrativo. Em 2024, após a CGU encontrar indícios de crimes, a Polícia Federal foi acionada.

Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o 'Careca do INSS', (à esq.) e o empresário Maurício Camisotti foram presos pela PF — Foto: Reprodução/TV Globo
Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o ‘Careca do INSS’, (à esq.) e o empresário Maurício Camisotti foram presos pela PF — Foto: Reprodução/TV Globo

O que dizem as defesas de Nelson Wilians
Leia abaixo a íntegra da nota enviada pela defesa de Maurício Camisotti:

“A defesa do empresário Maurício Camisotti afirma que não há qualquer motivo que justifique sua prisão no âmbito da operação relacionada à investigação de fraudes no INSS.

Os advogados chamam a atenção para a arbitrariedade cometida durante a ação policial: Camisotti teve seu celular retirado das mãos no exato momento em que falava com seu advogado. Tal conduta afronta garantias constitucionais básicas e equivale a constranger um investigado a falar ou produzir prova contra si próprio.

A defesa reitera que adotará todas as medidas legais cabíveis para reverter a prisão e assegurar o pleno respeito aos direitos e garantias fundamentais do empresário.”

Leia abaixo a íntegra da nota enviada pela defesa do advogado Nelson Wilians:

“Em relação ao mandado de busca e apreensão cumprido nesta data, Nelson Wilians esclarece que tem colaborado integralmente com as autoridades e confia que a apuração demonstrará sua total inocência.

Nelson Wilians já afirmou, anteriormente, que sua relação com um dos investigados — seu cliente na área jurídica — é estritamente profissional e legal, o que será comprovado de forma cabal. Os valores por ele transferidos referem-se à aquisição de um terreno vizinho à sua residência, transação lícita e de fácil comprovação.

Ressaltamos que a medida cumprida é de natureza exclusivamente investigativa, não implicando qualquer juízo de culpa ou responsabilidade. O advogado permanece à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários e reafirma seu compromisso com a legalidade e a transparência.”

Por: G1 São Paulo 

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