Médicos nos Estados Unidos documentaram o que acreditam ser o caso mais longo de covid-19 já registrado. Um homem de 41 anos permaneceu infectado pelo coronavírus por 776 dias consecutivos, até morrer. O paciente, que vivia com HIV avançado e não seguia corretamente o tratamento antirretroviral, tinha o sistema imunológico enfraquecido, o que permitiu que o vírus persistisse e acumulasse mutações raramente vistas em pessoas saudáveis. Os resultados foram publicados nesta segunda-feira (15/9) na revista científica The Lancet: Microbe.
Segundo os pesquisadores da Universidade de Boston, a infecção começou em maio de 2020, com o paciente apresentando tosse, dores de cabeça e fadiga, após contato próximo com um caso confirmado da doença. O diagnóstico oficial, no entanto, só veio em setembro daquele ano, quando sua condição piorou e foi levado ao hospital.
Entre março de 2021 e julho de 2022, oito amostras clínicas foram coletadas, e análises genômicas mostraram que o vírus no corpo do paciente passou por um processo de evolução intrahospedeiro ao longo de mais de dois anos. Isso significa que o microrganismo adquiriu múltiplas mutações, algumas semelhantes às identificadas depois em variantes como a Ômicron, embora nenhuma tenha se espalhado para além dele. Além disso, 68 mutações foram identificadas.
Apesar do acúmulo de mudanças, não há indícios de que o vírus tenha se espalhado para outras pessoas. Os cientistas acreditam que o coronavírus tenha se adaptado de forma tão específica ao organismo do homem que pode ter perdido a capacidade de transmissão. Até dois dias antes da morte, causada por fatores não diretamente ligados à covid-19, testes de PCR ainda detectavam o vírus ativo.
Casos extremos como esse, geralmente associados a pacientes imunocomprometidos, já foram documentados em outros países. Em 2024, médicos na Holanda relataram um homem de 72 anos que permaneceu infectado por 613 dias, e em 2022, no Reino Unido, um paciente testou positivo por 505 dias.
Por: Correio Braziliense