O estudante de medicina Matías Roitberg, de 25 anos, descobriu que está morto — pelo menos no que consta no Sistema Único de Saúde (SUS). O argentino mora no Brasil há mais de 10 anos e cursa medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A notícia do “óbito” veio na quinta-feira passada (4), quando foi buscar sua carteira de vacinação no Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFRJ), no Fundão — ele tinha deixado o documento lá para cadastrar seu histórico na plataforma do Programa Nacional de Imunizações, do Ministério da Saúde.
“O funcionário achou minha carteira separada e falou: ‘Ah, é você que morreu, né?’”, contou Matías, que “faleceu” no dia 2 de outubro de 2023. “Fiquei completamente sem reação, meus amigos rindo muito, e eu sem saber o que falar.”
Os funcionários do posto orientaram Matías a procurar uma Clínica da Família para tentar corrigir o erro e “provar” que estava vivo.
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Filho de ‘Slenderman’
Com medo de estar sendo vítima de um golpe, Matías foi direto para a Clínica da Família Rocha Maia, em Botafogo. Lá, descobriu que seus dados pessoais haviam sido alterados, incluindo o nome do pai — que apareceu como “Slenderman” no lugar de Alejandro.
“Não só tinham registrado o meu óbito, como também colocaram que sou preto, sendo que sou branco”, emendou.
A peregrinação só não foi maior porque o estudante confirmou on-line que aparecia vivo na Receita Federal. “Senão eu ia perder minha vaga na faculdade, meu apartamento, minha bolsa de pesquisa…”
No dia seguinte (sexta, 5), Matías conseguiu resolver a situação na Clínica da Família do Flamengo, onde seu cadastro foi corrigido e ele voltou a “existir” oficialmente para o sistema público de saúde. “Desde então é o meu novo aniversário!”, riu.
Segundo Matías, a alteração no cadastro foi feita no Município de Ataléia, em Minas Gerais — cidade onde ele nunca esteve. Ainda não se sabe como ou por que o erro ocorreu.
“Foi bizarro, mas agora está tudo certo. Só espero que não me matem de novo”, brincou o estudante.
Por: G1 Rio de Janeiro