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Após experiência traumática no The Voice, cantora acreana Duda Modesto conta como reconstruiu a relação com a arte

Após experiência traumática no The Voice, cantora acreana Duda Modesto conta como reconstruiu a relação com a arte

Duda, 33 anos, é mãe de Elis, 6 anos, e ambas nutrem um amor incondicional pela música (Foto: Cedida)

Dez dias após o nascimento da filha Elis, a cantora acreana Duda Modesto recebeu uma ligação inesperada: havia sido convocada para uma entrevista no programa The Voice, da TV Globo. A audição, marcada para Manaus (AM), exigia que ela embarcasse dali a dez dias, quando a bebê completaria 20 dias de vida. A notícia, que parecia ser a chance de sua carreira, acabou se tornando um dos episódios mais difíceis de sua trajetória na música.

A artista havia se inscrito no programa ainda nos últimos meses de gestação, acreditando que, se fosse selecionada, teria tempo para se recuperar antes das gravações. No entanto, o chamado veio em meio ao puerpério, quando ainda amamentava com dor e enfrentava os desafios físicos e emocionais do pós-parto. Sem apoio institucional e arcando com todos os custos da viagem, Duda seguiu para a capital amazonense incentivada pelo então marido, que prometeu cuidar da recém-nascida enquanto ela tentava realizar o sonho.

Na sede da emissora, o cenário era de espera e tensão. A cantora dividia o auditório com outros candidatos vindos de estados vizinhos. O frio do ar-condicionado contrastava com o calor do corpo em recuperação. Duda sangrava, vazava leite e enfrentava a ausência da filha, que ainda dependia de seu corpo. A ansiedade, somada ao desequilíbrio hormonal, transformou o momento em uma batalha física e emocional.

Após experiência traumática no The Voice, cantora acreana Duda Modesto conta como reconstruiu a relação com a arte
Hoje, mãe e artista, Duda Modesto segue cantando e compondo ao lado da filha (Foto: Arquivo pessoal)

Quando finalmente foi chamada para cantar, a voz não saiu como esperava. O instrumental falhou, a apresentação foi feita a capela, e a insegurança tomou conta. “Cantar é musculatura”, diria depois, ao lembrar que seu corpo ainda se refazia da gravidez. A performance não correspondeu à expectativa. Duda deixou o estúdio em lágrimas, convencida de que havia desperdiçado sua única chance.

De volta ao Acre, mergulhou em um bloqueio artístico que duraria quase um ano. A frustração a fez questionar seu lugar na música. “Que cantora não canta?”, pensava. A retomada veio aos poucos, impulsionada por amigos que insistiam em ouvi-la. Quando finalmente reencontrou a coragem de se expor, a pandemia interrompeu novamente seus planos.

Aos poucos, Duda reconstruiu sua relação com a arte. Enfrentou a síndrome da impostora, aprendeu a silenciar a voz interna que duvidava de seu talento e decidiu ser sua maior apoiadora. “Mais coisas começaram a acontecer quando virei essa chavinha”, contou em vídeo publicado nas redes sociais.

Hoje, mãe e artista, ela segue cantando e compondo, consciente de que não há apenas uma chance na vida. A experiência no The Voice não foi o fim, mas o início de uma nova etapa. “Existem infinitos caminhos dentro da música”, afirma. E Duda Modesto escolheu seguir o seu.

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