Após emocionar e provocar profundas reflexões nas noites de sábado, 13, e domingo, 14, o aclamado espetáculo “Eu Capitu” se despede do público acreano nesta segunda-feira, 15, com um ato final de arte e esperança. A passagem da peça pela capital acreana foi marcada por plateias lotadas e a recepção calorosa que demonstrou o quanto Rio Branco se abriu para a urgência da mensagem.
Com uma sensibilidade que se desdobra entre o lúdico e o real, “Eu Capitu” não se contenta em apenas recontar Machado de Assis. Ele se apropria de sua obra para dar voz a uma mulher que a sociedade tentou silenciar, e a tantas outras que continuam a sofrer.
Ao unir o universo literário à crueza da violência de gênero, o espetáculo convida a plateia a desvendar as entrelinhas e a se posicionar diante de um problema que nos cerca. A passagem da peça pelo Acre não foi apenas cultural, foi um grito de alerta e um abraço de solidariedade na luta contra a violência de gênero em todo o país.
Atividades formativas
Em vez de uma simples despedida, o grupo optou por um gesto de semeadura. A programação desta segunda-feira, 15, é dedicada à formação de novos olhares e à democratização do acesso à cultura.
Das 9 às 13h, o palco é dedicado aos bastidores, com duas oficinas especiais realizadas na Universidade Federal do Acre (Ufac):
A Oficina Petrobras Eu Outra, é ministrada por Miwa Yanagizawa, que propõe a busca da construção de fricções entre narrativas pessoais e ficcionais a partir de objetos afetivos escolhidos pelas participantes. Miwa Yanagizawa é atriz, diretora de teatro, fundadora do AREAS Coletivo, assina a direção do espetáculo Eu Capitu. Entre seus trabalhos, estão “Nastácia”, de Pedro Brício, obra a partir do romance “O Idiota”, de Fiódor Dostoiévski, que recebeu o Prêmio Shell e Prêmio APTR de melhor direção do ano de 2019, “Plano sobre queda”, dramaturgia realizada em colaboração do coletivo com Emanuel Aragão e “Breu”, de Pedro Brício, que recebeu Prêmio Questão de Crítica de Melhor Direção e Iluminação e Prêmio APTR de Melhor Cenografia e entre outros.

A segunda atividade formativa é para quem busca aprender sobre produção executiva e planejamento de projetos culturais: a Oficina Petrobras da Ideia ao Projeto. Conduzida pelo produtor e gestor cultural, Felipe Valle, a oficina aborda os passos essenciais para a criação e elaboração de um projeto, desde a concepção até a execução.
Já à tarde, o ciclo se fecha com uma sessão exclusiva do espetáculo, um presente para o futuro. Às 15h, a Usina de Arte João Donato será preenchida pela presença de estudantes da rede pública e de projetos sociais, jovens que terão a oportunidade de mergulhar na história de Ana e Capitu. A escolha de encerrar a temporada com essa sessão especial não é por acaso, é um convite para que as novas gerações reescrevam a própria história, livres das amarras da violência e do silêncio.
“Eu Capitu” foi aprovado na Seleção Petrobras Cultural e conta com recursos através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, do Ministério da Cultura. A peça já foi apresentada em Brasília, Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte e São Luís, com lotação máxima, e depois de Rio Branco segue para Porto Velho, Salvador, Fortaleza e Manaus.
Ficha Técnica
Direção Artística: Miwa Yanagizawa / Texto: Carla Faour / Diretora Assistente: Maria Lucas / Idealização e Direção Geral: Felipe Valle / Direção de Produção: Bárbara Galvão (Pagu Produções Culturais) / Coordenação de Projeto: Trupe Produções Artísticas / Elenco: Juliana Trimer e Mika Makino / Direção Sonora, Trilha Original e Preparação Vocal: Azullllllll / Direção de Arte: Teresa Abreu / Iluminação: Ana Luzia Molinari de Simoni / Produção Executiva: Bem Medeiro / Produtora Assistente: Natalia Dias / Produção Local: Sacha Alencar / Assistente de Produção Local: Brenn Souza / Design Gráfico e Fotografia: Daniel Barboza / Assessoria de Imprensa: Maria Meirelles / Produtora Associada: Pagu Produções Culturais / Realização: Trupe Produções Artísticas / Patrocínio: Petrobras