Em agosto, enquanto o custo da cesta básica caiu em 24 das 27 capitais brasileiras, Rio Branco (AC) contrariou a tendência nacional e registrou leve alta de 0,02%. O dado é da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, divulgada nesta sexta-feira, 5, pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A variação modesta não altera o posicionamento da capital acreana entre os extremos nacionais, mas revela uma dinâmica local que escapa à tendência de queda observada em cidades como Maceió (-4,1%), Recife (-4%) e João Pessoa (-4%). Na capital do Acre, dois produtos puxaram o reajuste: o arroz agulhinha, com acréscimo de 0,9%, e a carne bovina de primeira, que subiu 2,2%.
Segundo o Dieese, o encarecimento da carne está relacionado à redução na oferta de abate e ao crescimento das exportações, mesmo diante do aumento das tarifas norte-americanas. “Apesar disso, algumas cidades apresentaram queda no varejo”, aponta o boletim técnico. No caso do arroz, a alta em Rio Branco contrasta com a queda registrada em 25 capitais, incluindo Macapá (-8,7%) e Florianópolis (-5,7%).
A pesquisa, que desde julho passou a abranger todas as capitais do país, posiciona São Paulo como a cidade com a cesta mais cara (R$ 850,84), seguida por Florianópolis (R$ 823,11) e Porto Alegre (R$ 811,14). Os menores valores foram registrados em Aracaju (R$ 558,16), Maceió (R$ 596,23) e Salvador (R$ 616,23).
No acumulado do ano, entre janeiro e agosto, Rio Branco ainda não figura entre as capitais com maior inflação alimentar. Nas 17 cidades que já eram monitoradas antes da ampliação da pesquisa, os maiores aumentos ocorreram em Fortaleza (7,32%), Recife (6,93%) e Salvador (5,54%). Goiânia, Brasília, Vitória e Campo Grande apresentaram queda no mesmo período.
O levantamento também atualizou o cálculo do salário mínimo necessário para suprir as despesas de uma família de quatro pessoas. Com base na cesta paulista, o valor ideal deveria ser de R$ 7.147,91 – o equivalente a 4,71 vezes o mínimo atual de R$ 1.518. Em agosto do ano passado, essa estimativa era de R$ 6.606,13.
Além do arroz e da carne, outros produtos como tomate, café e feijão apresentaram variações significativas em diferentes capitais. Em Rio Branco, no entanto, os dados não indicam mudanças expressivas nesses itens. O comportamento estável pode estar relacionado à sazonalidade e à logística de abastecimento na região Norte, que enfrenta desafios específicos de transporte e distribuição.
A inclusão da capital na pesquisa nacional marca um avanço na compreensão das dinâmicas alimentares da Amazônia Ocidental. Para o Dieese, o monitoramento mensal da cesta básica é essencial para avaliar o poder de compra da população e orientar políticas públicas voltadas à segurança alimentar. A ampliação da cobertura permite comparações mais precisas entre os diferentes perfis de consumo no país e revela nuances que, até então, permaneciam fora do radar estatístico.
*Com informações da Agência Brasil