Com um histórico de problemas pulmonares agravados ao longo de décadas de exposição à fumaça da defumadeira e pelo hábito de fumar, o líder seringueiro e ativista ambiental Raimundo Mendes de Barros, conhecido como Raimundão, primo do ícone ambiental Chico Mendes, foi transferido do Hospital de Xapuri para o Pronto-Socorro de Rio Branco na noite desta quarta-feira, 17.
Aos 80 anos, Raimundão vinha sendo tratado por uma infecção pulmonar na unidade de saúde do interior, mas a falta de estrutura adequada e a queda na saturação de oxigênio levaram a família a solicitar a remoção urgente. O transporte foi realizado por uma equipe do Samu, após longa espera por uma ambulância vinda de outro município — já que o veículo de Xapuri estava quebrado.
Raimundão aguardava a transferência desde o início do dia, mas o deslocamento só foi possível por volta das 23h, após a chegada de uma ambulância de Capixaba. Acompanhado de um dos filhos, Raimundão embarcou consciente, e imagens registradas pela família mostram o ativista acenando dentro da ambulância.
Apesar do susto, o estado de saúde apresentou leve melhora na manhã desta quinta-feira, 18, segundo informações da família. Raimundão chegou a utilizar oxigênio externo devido à baixa oxigenação, mas já teve o suporte retirado após evolução no quadro clínico. Exames como tomografia e coleta de sangue também foram realizados sem intercorrências.
Ícone da luta extrativista
Raimundão é parte fundamental da história da luta pela defesa da floresta. Ao lado do líder assassinado em 1988, ele enfrentou fazendeiros, articulou movimentos de resistência e participou diretamente da criação da Reserva Extrativista Chico Mendes, em 1990 — uma das primeiras do país.
Com quase 931 mil hectares no coração da Amazônia acreana, a reserva é hoje o lar de mais de 3 mil famílias que vivem do extrativismo.