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Cruzeiro do Sul passou de guia indígena a símbolo nacional

Registro da menor constelação moderna por povos do Hemisfério Sul é anterior à incursão europeia e hoje ainda é parte da identidade nacional brasileira

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07/09/2025 - 14:29
Cruzeiro do Sul passou de guia indígena a símbolo nacional
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Estampado na bandeira, no brasão e no hino nacional, o Cruzeiro do Sul brilha na formação histórica de uma identidade nacional e política brasileira que remonta a tradições milenares dos povos originários do Hemisfério Sul.

É conhecido por ter guiado os navegadores europeus durante suas expedições em direção ao Hemisfério Sul a partir do século 15 – mas, ao contrário do que pensavam os colonizadores, já era registrado por diversas cosmologias indígenas do Sul Global antes da chegada dos europeus.

O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) André Miloni explica que o Cruzeiro do Sul desempenha um papel essencial na localização geográfica. “Para a gente, que mora no Hemisfério Sul, ele nos ajuda a encontrar um ponto imaginário na esfera celeste e localizar o polo celeste sul”, informa.

Historicamente, as aglomerações de estrelas representam histórias e lendas dos povos, sobretudo para fins de marcação do tempo e divisão do ano em estações, já que cada uma é observada em determinado período. O Cruzeiro do Sul, por exemplo, é observável no outono e no inverno do Brasil. “É uma constelação muito brilhante e fácil de ser identificada no céu”, destaca.

Menor constelação moderna é símbolo político no Sul Global

O Cruzeiro do Sul é composto por cinco estrelas: quatro que formam o eixo de uma cruz – de onde deriva seu nome –, e uma quinta que foi apelidada de “intrometida”. É considerado, ainda, a menor das 88 constelações catalogadas em 1922 pela União Astronômica Internacional.

Outros países também refletem a significação histórica do Cruzeiro do Sul em seus símbolos políticos. Ele estampa as bandeiras da Austrália, Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné e Samoa. A bandeira do Mercosul também o ostenta, celebrando a integração do bloco econômico. Nesse símbolo, ele é mostrado apenas com quatro estrelas – sem a “intrometida” –, representando os quatro países fundadores: Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina.

A primeira constelação “cristã”

No céu formoso e límpido, a imagem do Cruzeiro, como diz o hino nacional, “resplandeceu” – e foi interpretada pelos portugueses e espanhóis a caminho do Hemisfério Sul como confirmação celeste do sucesso da empreitada, segundo o pesquisador do Observatório Nacional Vladimir Jearim Peña Suárez.

“O achado da constelação, para os portugueses, foi como uma bênção divina, e eles imediatamente associaram com a cosmovisão cristã que traziam”, pontua. “Para outros povos, o Cruzeiro também representava aspectos relevantes, até porque sempre se desenvolveu um vínculo místico e filosófico com o céu”, complementa Suárez.

Imagem da bandeira do Brasil
Para os europeus cristãos, associação do Cruzeiro do Sul com o cristianismo foi oportuna, já que outras constelações faziam referência a mitologias mais antigas. “Ela foi, por assim dizer, a primeira constelação cristã”, explica o pesquisador do Observatório Nacional Vladimir Jearim Peña Suárez (Foto: Fabio Teixeira | Anadolu Agency | IMAGO)

O primeiro registro da observação europeia do Cruzeiro do Sul data de 1500, em carta enviada ao rei de Portugal, D. Manuel 1º, por João Faras, que integrava a expedição de Pedro Álvares Cabral. Na missiva, o médico, físico e astrônomo espanhol conhecido como Mestre João descreve a constelação que, mais tarde, foi batizada de Crux (cruz, em latim).

Em Os Lusíadas, obra de Luís de Camões, a descoberta das novas estrelas também é registrada: “Já descoberto tínhamos diante / Lá no novo Hemisfério, nova estrela, / Não vista de outra gente, que, ignorante, / Alguns tempos esteve incerta dela.”

Âncora, ponte celeste, gambá sentado e ema

Para os europeus, os povos que viviam no Brasil não tinham notado as estrelas que formam o Cruzeiro do Sul – interpretação equivocada, segundo pesquisadores, uma vez que a cosmovisão indígena já a registrava.

“Povos na Austrália e na Nova Zelândia também observaram o Cruzeiro do Sul e os definiram como imagens associadas a seu cotidiano”, define Suárez. Os aborígenes australianos viam um gambá sentado, representando o deus celeste Mirrabooka. Para os Incas, a constelação se chamava Chakana, ou ponte celeste. Os maoris da Nova Zelândia a denominavam de Te Punga e a interpretavam como uma âncora que mantinha a Via Láctea na sua posição.

Na cosmologia indígena brasileira, há interpretações em que o Cruzeiro do Sul integra outra constelação e revela a imagem de uma ema.

Para os europeus cristãos, a associação com o cristianismo acabou sendo oportuna, pois as demais constelações faziam referência a mitologias mais antigas. “Então ela foi, por assim dizer, a primeira constelação cristã”, pontua Suárez.

O significado da quinta estrela para indígenas guarani

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Na cosmovisão indígena guarani, a quinta estrela do Cruzeiro do Sul não é uma “intrometida”, mas representa Yamandu, a divindade máxima da espiritualidade do povo. De acordo com essa leitura, é Yamandu quem segura e aglutina os outros quatro pontos, que representam atributos com os quais se deveria guiar a vida: fortitude, prudência, temperança e sabedoria. Cada estrela que compõe o Cruzeiro do Sul é, portanto, uma manifestação divina.

Vanessa Brandalise é descendente de guaranis e trabalha no resgate da cultura de seu povo, oferecendo visitas guiadas e aulas em seu sítio, localizado em Quatro Barras, no Paraná. “Toda a mitologia guarani está organizada por meio dessa constelação. É dessas estrelas que os espíritos migram para estarem aqui na Terra, fazendo a conexão do divino com a natureza por meio da agricultura”, explica Vanessa.

Segundo ela, em contrapartida, para os charruas que habitam a parte mais ao sul do Hemisfério, na região do Uruguai, do pampa gaúcho e de parte da Argentina, o Cruzeiro do Sul é a pata de uma ema. Ou seja, integra uma constelação maior que desvela um animal sagrado para os nativos da região. Atualmente, os charruas estão praticamente extintos.

“Eles viam a pata do ñandú (ema), um animal que vive naquela região. Se você for ver, o Cruzeiro do Sul tem o formato da pisada desse animal”, explica Vanessa.

Resgate do olhar para o céu

Se antigamente os europeus miravam o céu e utilizavam o Cruzeiro do Sul como bússola e confirmação divina, e os indígenas ainda hoje o utilizam como calendário e referencial de origem, a poluição luminosa (uso excessivo e mal-direcionado de luzes artificiais em centros urbanos) tende a reduzir a relação das pessoas com o céu.

Para Suárez, a observação celeste deveria ser entendida como direito. “Parece uma reivindicação um pouco oca, mas não é. À medida que as cidades têm crescido e que a noite foi derrotada pela luz elétrica, se perdeu a percepção do céu e a relação com o céu”, defende.

Ele também trabalha com educação e com visitas guiadas a escolas em museus e afirma que, hoje, as crianças não conseguem observar as estrelas porque o céu não está “limpo”. “Os nossos avós, tanto os brasileiros quanto os de outras latitudes, tinham uma relação muito mais direta com a observação do céu”, complementa.

Vanessa afirma que olhar para o céu é resgatar uma visão poética sobre a vida – reforçada pela constelação do Cruzeiro do Sul. “Sempre digo que a gente precisa olhar para o céu. Em todas as cosmovisões, estamos olhando para baixo, para o cotidiano imediato”, constata.

Fonte: Jornal DW

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