Apesar da pressão política da Câmara Municipal de Rio Branco, o prefeito Tião Bocalom (PL) afirmou que não irá afastar o superintendente da RBTrans, Clendes Vilas Boas, alvo de um requerimento aprovado pelos vereadores que pede seu afastamento temporário. A decisão do prefeito foi anunciada nesta quarta-feira, 3, quando Bocalom reforçou total confiança no gestor do trânsito da capital.
“Eu já falei isso outras vezes aqui, antes de acontecer, eu disse que não iria afastá-lo. Não é justo que comecem a criar denúncias, a princípio denúncias sem fundamento nenhum”, declarou Bocalom, defendendo que as acusações são frágeis e motivadas por insatisfação de ex-servidores.
O requerimento nº 241/2025, aprovado na última terça-feira, 2, foi apresentado por vereadores da própria base aliada do prefeito, e obteve 12 votos favoráveis. O documento pede o afastamento temporário de Vilas Boas enquanto durarem as investigações sobre denúncias de assédio moral e perseguição a servidores da RBTrans. A suspeita é de que alguns funcionários tenham sido retaliados por não apoiarem o ex-vereador João Marcos Luz (PL), aliado de Clendes, nas eleições municipais de 2024.
Entre os parlamentares que votaram a favor do afastamento, estão o vice-presidente da Mesa Diretora, Leôncio Castro (PSDB), e outros nomes da base, como Felipe Tchê (PP), Samir Bestene (PP), Bruno Moraes (PP), e João Paulo Silva (Podemos). A única vereadora da base que se posicionou contra foi Lucilene Vale (PP), citada nominalmente pelo prefeito durante a coletiva. “Inclusive, uma vereadora do PP, a Lucilene, que eu agradeço imensamente, tem sido uma grande parceira da gestão”, afirmou.
Apesar da aprovação, o documento não tem poder legal para afastar o superintendente, funcionando como um instrumento de pressão política sobre o Executivo municipal.
Bocalom, por sua vez, reafirmou que não tomará nenhuma atitude precipitada. “Todas as providências jurídicas que são necessárias, nós tomamos. Encaminhamos tudo para o Ministério Público, e será apurado. Evidentemente, se houver culpabilidade, aí sim tomaremos a decisão. Até lá, não.”
O prefeito também criticou o que chamou de tentativas de manchar a reputação de pessoas com longa trajetória no serviço público. “Ninguém pode sair acabando com a imagem de pessoas como o Vilas, por exemplo, que eu conheço há mais de 30 anos”, disse. “Eu sou amigo dele há muitos anos e conheço ele muito bem.”
Segundo Bocalom, as denúncias contra o superintendente teriam origem em servidores insatisfeitos com decisões administrativas. “Quando você, como gestor, muitas vezes tem que tomar providências duras, mandar o cidadão embora… como aquela senhora que foi lá na Câmara falar. Ela ficou chateada porque foi mandada embora. Por quê? Porque baixou a cec dela de 3 para 2”, argumentou o prefeito, em referência a uma servidora exonerada.
O prefeito encerrou a fala reafirmando a permanência de Clendes no cargo. “Ele continua na gestão e sob a minha confiança. Se lá na frente tiver alguma coisa de desvio, de erros no comportamento, a gente toma outras providências. Mas por enquanto, não”.