Mesmo após registro de chuvas pontuais, o Rio Acre segue com nível abaixo do esperado em Rio Branco, capital do estado. Segundo boletins da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec), o manancial registrou 1,48 metro nas medições realizadas nos dias 31 de agosto e 1º de setembro, valor distante da cota de alerta fixada em 13,50 metros.
A manutenção desse nível ocorre em meio à situação de emergência decretada pelo governo do Acre em agosto, reconhecida pela União. A medida abrange todos os 22 municípios do estado e foi motivada pela estiagem severa que afeta a região, agravada por fatores climáticos como o El Niño e pela baixa pluviosidade registrada ao longo do ano.
Apesar da precipitação de 9,4 milímetros nas últimas 24 horas, o volume não foi suficiente para elevar o nível do rio, que se manteve estável em relação ao dia anterior, quando não houve chuva. O cenário preocupa autoridades locais e compromete o abastecimento de água, a navegabilidade e a produção agropecuária.
Recursos e ações emergenciais
O reconhecimento da situação de emergência pelo governo federal, publicado no Diário Oficial da União em 28 de agosto, abriu caminho para a liberação de recursos destinados ao enfrentamento da seca no Acre. A medida contempla todos os 22 municípios do estado, incluindo Rio Branco, e permite o acesso a verbas para ações humanitárias e logísticas.
O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) autorizou o repasse de R$ 6 milhões para atender mais de 20 mil famílias afetadas pela estiagem. Segundo o coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Carlos Batista, os recursos são aplicados em iniciativas como o envio de caminhões-pipa, distribuição de cestas básicas e apoio a comunidades ribeirinhas e indígenas em situação de vulnerabilidade.
A crise hídrica, considerada uma das mais severas da última década, compromete o abastecimento de água, dificulta o transporte fluvial e afeta diretamente a produção agropecuária. Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), os rios Acre, Juruá, Purus e Iaco estão em estado de escassez quantitativa, com níveis abaixo da média histórica.
Com previsão de tempo seco para os próximos dias, autoridades estaduais e municipais mantêm o monitoramento constante e reforçam orientações à população sobre o uso consciente da água e os riscos das queimadas, que agravam os efeitos da estiagem e impactam a qualidade do ar na região.