O ex-sargento da Polícia Militar do Acre, Erisson de Melo Nery, começa a ser julgado nesta segunda-feira, 22, no Fórum Criminal de Rio Branco, por tentativa de homicídio contra o estudante de Medicina Flávio Endres Ferreira.
O suposto crime ocorreu durante uma confusão em um bar de Epitaciolândia, no interior do Acre, em novembro de 2021. O júri popular pode se estender até terça, 23, e será conduzido pela Vara do Tribunal do Júri da Comarca da capital.
Segundo a denúncia do Ministério Público do Acre (MPAC), Nery responde por tentativa de homicídio qualificado, porte ilegal de arma e lesão corporal grave. Testemunhas serão ouvidas ao longo do julgamento, e os jurados terão acesso a vídeos e provas produzidas durante as investigações.
Na noite do crime, imagens que circularam nas redes sociais mostraram o momento em que o estudante foi agredido dentro do bar pela sargento Alda Nery, esposa do ex-militar. Após ser retirado pelos seguranças, Flávio Ferreira foi alcançado do lado de fora por Erisson Nery, que o derrubou no chão e efetuou disparos.
A vítima foi atingida por pelo menos quatro tiros, passou por cirurgia no abdômen e ficou com sequelas em uma das mãos.
Nery afirmou, na época, ter reagido a uma suposta importunação sexual contra sua companheira, Darlene Oliveira. No entanto, os vídeos analisados pela polícia contradizem a versão apresentada pela defesa.
Histórico de violência
Conhecido por manter um relacionamento a três que ganhou repercussão nacional, o ex-sargento já havia sido condenado, em 2023, pela morte de um adolescente de 13 anos, ocorrida em 2017, no Conjunto Canaã, em Rio Branco.
A Justiça entendeu que ele teria alterado a cena do crime para simular legítima defesa, após disparar seis vezes contra o jovem que tentava furtar sua residência.
A condenação, contudo, foi anulada neste ano pela Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, que apontou o uso de provas irregulares e acolheu recurso da defesa. O Ministério Público recorreu da decisão e pediu o aumento da pena para até 11 anos em regime fechado, além da prisão imediata do réu.