Uma menina de seis anos foi resgatada em Sorocaba (SP) após viver toda a vida em situação de cárcere privado, sem qualquer contato com o mundo exterior. A criança não falava, nunca frequentou a escola nem recebeu vacinas. Além disso, passava os dias em um quarto fechado, alimentando-se apenas de líquidos e assistindo a vídeos pornográficos em um celular. Diante da gravidade da situação, os pais foram presos e respondem por sequestro e cárcere privado.
O caso foi descoberto após uma denúncia anônima ao Conselho Tutelar, que, por sua vez, acionou a Polícia Civil. O resgate ocorreu na sexta-feira passada, dia 29 de agosto, no bairro Jardim Santa Esmeralda. De acordo com a conselheira tutelar Lígia Guerra, a menina estava apática e ficou deslumbrada ao sair da casa. “Ela nunca conviveu com outras crianças. Todos os direitos dela foram violados”, afirmou.
Posteriormente, a vítima foi encaminhada ao Conjunto Hospitalar de Sorocaba, onde passou por exames clínicos. Os médicos identificaram infecção urinária, infecção sanguínea, afundamento no tórax e quadro severo de seborreia capilar. Por recomendação médica, os cabelos foram cortados. A alimentação, até então exclusivamente líquida, está sendo administrada por seringa, uma vez que ela não desenvolveu o hábito de mastigação.
Segundo a delegada Renata Zanin, titular da Delegacia de Defesa da Mulher, a menina dormia com os pais em um colchão no chão, em um dos três cômodos da casa. O ambiente era precário, com poucos móveis e brinquedos.

Além disso, três celulares foram apreendidos, incluindo o aparelho usado pela criança, que apresentava histórico de acesso a conteúdo pornográfico. Embora o Instituto Médico Legal tenha descartado sinais de abuso sexual, o celular ainda será submetido à perícia.
Conforme a investigação, a mãe, de 45 anos, era obrigada a vender pães feitos pelo marido e só podia entrar em casa se vendesse toda a produção. Ela utilizava um celular sem linha e dependia do companheiro para se comunicar. Vizinhos relataram que ouviam gritos da criança quando a mãe saía, mas nunca a viram fora do imóvel.
Durante o resgate, o Conselho Tutelar localizou familiares da mulher, os quais disseram não ter notícias da criança desde que ela tinha seis meses. Eles também relataram que a mãe havia abandonado outro filho, hoje com 21 anos, criado pelos avós.
A Polícia Civil tem 30 dias para concluir o inquérito. Enquanto isso, os pais permanecem presos após audiência de custódia. A menina está sob cuidados médicos e foi acolhida em um abrigo. O caso segue sob investigação.
*Com informações do G1, UOL e SBT News