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Buenos Aires vai às urnas em meio a morte de ícone dos direitos humanos

Buenos Aires vai às urnas em meio a morte de ícone dos direitos humanos

Mais de 14 milhões de eleitores da província de Buenos Aires, que representam 37% do eleitorado argentino, votam neste domingo, 7, para renovar parte do Legislativo local. A eleição é considerada um termômetro político para o governo de Javier Milei e antecede o pleito nacional marcado para 26 de outubro.

A votação define 23 senadores provinciais e 46 deputados, além de suplentes e representantes municipais. Ao todo, serão escolhidos 1.097 vereadores comunais e 401 conselheiros escolares. A província, a mais populosa e economicamente relevante do país, está dividida em oito seções eleitorais, que determinam a distribuição dos cargos.

Segundo as últimas pesquisas, a coalizão peronista Fuerza Patria (FP) aparece com leve vantagem de dois a três pontos sobre os candidatos da Alianza La Libertad Avanza (LLA), sigla de Milei. O presidente esperava capitalizar o controle da inflação, mas enfrenta desgaste por medidas de austeridade que empurraram mais da metade da população para abaixo da linha da pobreza.

Além disso, denúncias de corrupção envolvendo Milei e sua irmã, Karina, abalaram o cenário político. Gravações divulgadas por uma fonte próxima ao presidente sugerem que os dois teriam se apropriado de recursos destinados à compra de medicamentos para pessoas com deficiência. A veracidade do material ainda está sob investigação.

Na véspera da eleição, o mercado financeiro também deu sinais de instabilidade. O dólar se valorizou e o Índice de Risco-País, usado como referência para medir a confiança no programa econômico do governo, ultrapassou os 900 pontos-base, o maior nível em cinco meses.

Rosa Tarlovsky de Roisinblit

O fim de semana também foi marcado pela morte de Rosa Tarlovsky de Roisinblit, aos 106 anos. Vice-presidente histórica das Avós da Praça de Maio, Rosa dedicou a vida à busca por crianças desaparecidas durante a ditadura militar (1976–1983). Ela perdeu a filha, Patricia, e o genro, militantes da organização Montoneros, sequestrados em 1978. Patricia estava grávida e deu à luz em um centro clandestino de detenção. O bebê foi levado e só reencontrado por Rosa em 2000, graças ao trabalho da própria organização.

“Para mim você é eterna”, escreveu a neta Mariana nas redes sociais, ao lado de uma foto das duas sorrindo. Os corpos de Patricia e seu companheiro nunca foram encontrados.

Segundo as Avós da Praça de Maio, ainda há cerca de 300 netos que nasceram em cativeiro ou foram levados com os pais e seguem desaparecidos. A morte de Rosa, em meio à eleição, reacende o debate sobre memória, justiça e democracia na Argentina.

Com informações do jornal Brasil de Fato

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