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Com dados científicos, Thor Dantas contesta Márcio Bittar e reforça eficácia da vacina contra a Covid

Com dados científicos, Thor Dantas contesta Márcio Bittar e reforça eficácia da vacina contra a Covid

Dr. Thor Dantas - Foto: Arquivo

O médico infectologista Thor Dantas publicou, neste domingo, 31, um vídeo nas redes sociais para rebater, com base em evidências científicas, declarações do senador Márcio Bittar (União Brasil) sobre a pandemia de Covid-19. Em entrevista recente, o parlamentar afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estava certo ao rejeitar vacinas, máscaras e ao defender o uso de medicamentos como cloroquina e ivermectina, considerados ineficazes pela comunidade científica.

Dantas, que atuou na linha de frente durante a pandemia e é professor de medicina, classificou as falas como equivocadas e reforçou que o debate sobre medicamentos e vacinas deve ser conduzido por especialistas, não por lideranças políticas. “Misturar ciência com política foi o maior erro cometido durante a pandemia”, afirmou o médico, ao destacar que decisões técnicas não devem ser pautadas por ideologias.

Segundo ele, a cloroquina é o medicamento com maior número de estudos negativos na história da medicina, com cerca de 40 ensaios clínicos que demonstraram sua ineficácia contra o coronavírus. A ivermectina, também mencionada por Bittar, não apresentou resultados positivos em revisões sistemáticas e não é recomendada por nenhuma agência reguladora internacional.

Sobre o uso de máscaras, Dantas citou estudos observacionais e ensaios clínicos que comprovam sua eficácia na redução de casos e mortes. Um dos exemplos mencionados foi uma pesquisa publicada na revista Science, realizada em Bangladesh com mais de 300 mil pessoas em 600 aldeias. O estudo mostrou que o uso de máscaras cirúrgicas reduziu em 35% os casos de Covid-19 entre idosos com mais de 60 anos, grupo mais vulnerável à doença.

O médico também defendeu a vacinação como principal ferramenta de controle da pandemia. Ele explicou que as vacinas de RNA, como a da Pfizer, têm risco de miocardite oito vezes menor do que o da própria infecção por Covid, e que os casos registrados foram leves e sem risco de vida. Já a vacina de adenovírus, como a AstraZeneca, foi retirada de uso em diversos países, inclusive no Brasil, por precaução.

Dantas citou ainda um estudo publicado na JAMA Internal Medicine, revista científica da Associação Médica Americana, considerada uma das mais respeitadas do mundo na área da saúde. A pesquisa analisou dados de mortalidade por Covid nos estados norte-americanos da Flórida e Ohio, cruzando registros partidários com taxas de vacinação.

Os resultados mostraram que, após a disponibilização das vacinas, houve 43% mais mortes entre republicanos – grupo com menor adesão à imunização – em comparação com democratas. O excesso de mortes foi mais acentuado em condados com baixa cobertura vacinal.

Ao final do vídeo, o infectologista fez um apelo à honestidade intelectual no debate público. Ele se colocou à disposição para esclarecer dúvidas científicas e afirmou que o respeito conquistado pela defesa da verdade supera qualquer perda momentânea de popularidade.

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