A interdição da Escola Comandante Braz de Aguiar, em Cruzeiro do Sul, provocou reação de parlamentares na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) na última quarta-feira, 24. A unidade, localizada no centro da cidade e considerada referência histórica na região do Vale do Juruá, foi fechada por decisão judicial após laudos técnicos apontarem risco à integridade física de alunos e funcionários.
Durante a sessão, os deputados Edvaldo Magalhães (PCdoB) e Antônia Sales (MDB) criticaram a omissão da Secretaria de Estado de Educação diante das condições precárias da escola, que atende cerca de 370 estudantes. Segundo Magalhães, o prédio apresenta fissuras, afundamento de piso, infiltrações, erosão na fundação e falhas graves no sistema de segurança contra incêndio. A decisão da Vara da Infância e da Juventude determinou a evacuação imediata do espaço, a realocação dos alunos em até dez dias e obras emergenciais no prazo de 30 dias.
Para o parlamentar, o caso revela que os problemas da rede pública não se limitam a áreas rurais. “Estamos falando de uma escola no coração de Cruzeiro do Sul, que completa aniversário agora no dia 28 de setembro. A interdição escancara a negligência do governo com o patrimônio educacional do estado”, afirmou. Ele também criticou a descaracterização estética do prédio, que teria sido pintado de azul, apagando traços arquitetônicos originais reconhecidos pela comunidade.
Antônia Sales reforçou o alerta e lamentou que a suspensão das aulas tenha sido necessária para proteger os estudantes. “Pintura não segura concreto rachado nem madeira frouxa. O Ministério Público precisou intervir porque a estrutura oferecia risco de morte”, disse. A deputada também relatou problemas em outras escolas do interior, como falta de merenda adequada, ausência de professores e precariedade em unidades de comunidades isoladas.
A parlamentar citou casos de alunos com anemia por má alimentação e escolas sem água potável ou climatização. “Educação precisa ser prioridade. Se o secretário não pode visitar todas as escolas, que envie seus assessores para ver de perto o que está acontecendo”, cobrou.
Ambos os deputados pediram que a Comissão de Educação da Aleac acompanhe o caso e pressione o governo por medidas urgentes.
A Secretaria de Educação (SEE) se manifestou, em nota, sobre o caso. Leia:
“Nota pública sobre a suspensão de atividades da escola Braz de Aguiar, em Cruzeiro do Sul
O governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE), informa que, no último dia 10 de setembro, uma equipe técnica de manutenção esteve na Escola Estadual Braz de Aguiar, em Cruzeiro do Sul, para vistoria.
Em cumprimento à decisão judicial proferida nesta sexta-feira, 19, a SEE já estava em execução das ações emergenciais de infraestrutura na unidade e adotou medidas para assegurar a continuidade do calendário letivo. Todos os alunos foram realocados para outras unidades de ensino: Escola Dr. Valério Caldas de Magalhães, o Polo UAB e a Escola João Kubitschek, que passam a receber temporariamente as turmas da Braz de Aguiar.
Todas as providências já estão em andamento, com prioridade absoluta às medidas solicitadas, visando a segurança da comunidade escolar.
Rio Branco, Acre, 25 de setembro de 2025.
Aberson Carvalho
Secretário de Educação e Cultura do Acre”.