A Câmara de Rio Branco realizou nesta terça-feira, 2, uma sessão dedicada à doação de órgãos, proposta pelo vereador Aiache (PP). O parlamentar entregou moção de aplauso às servidoras Valéria Monteiro e Celiane Medeiros, que coordenam o Serviço de Transplantes e a Central Estadual de Transplantes da Fundação Hospitalar Governador Flaviano Melo (Fundhacre), respectivamente. Convidada, a paciente transplantada Sayonara Filgueiras emocionou a Casa ao relatar sua trajetória como paciente.
Durante a sessão, as especialistas destacaram que o Acre é referência na região Norte em procedimentos de alta complexidade realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como transplantes de fígado, rins e córneas. Desde a criação da Central Estadual de Transplantes, em 2006, já foram realizados 543 procedimentos no estado.
Apesar dos avanços, o principal desafio continua sendo a baixa adesão de doadores locais. “Sem doador, não há transplante. Ainda dependemos de doadores de outros estados, embora tenhamos um potencial gigantesco”, afirmou Celiane Medeiros. Ela ressaltou a importância de conversar com a família sobre o desejo de doar, já que a negativa familiar ainda é um dos principais entraves para o crescimento dos transplantes.

Sayonara Filgueiras, que completa dois anos de transplantada em outubro, compartilhou sua experiência e reforçou a urgência do tema. “Meu doador é uma criança de outro estado. Sou a prova viva de que doar salva. Se você puder, seja doador, porque alguém em algum lugar está esperando como eu esperei”, disse. A taxa de sobrevida dos pacientes de fígado no Acre é de 95%, acima da média nacional, que é de 75%, segundo dados da Fundhacre.
O vereador Aiache relembrou a história da irmã Gigliola, que aguardava um transplante de medula óssea, mas não teve a mesma oportunidade que Sayonara Filgueiras. Emocionado, ele destacou a importância da conscientização familiar: “A doação de órgãos é um ato de amor que pode transformar vidas. Conversar sobre esse tema com a família é fundamental para que mais pessoas tenham esperança e oportunidade de recomeçar”, afirmou.
Dados oficiais, metas e avanços
Segundo o Ministério da Saúde, o país é um dos líderes mundiais em transplantes realizados pelo sistema público. Em 2024, o país registrou mais de 30 mil procedimentos, o que representa crescimento de 18% em relação a 2022. Cerca de 85% dos transplantes são realizados pelo SUS, consolidando o modelo brasileiro como referência internacional.

As metas para os próximos anos incluem ampliar o número de doadores, aumentar os transplantes de órgãos e reduzir as taxas de recusa familiar. Embora o de medula óssea ainda não seja realizado, o Acre já coleta material – o que abre caminho para futuras possibilidades. Como destacou Celiane Medeiros, alta complexidade já é uma realidade por aqui.
Os dados mais recentes apontam que foram realizados 62 transplantes em 2024 e 16 em 2025 até o momento. Desde o início do programa, foram contabilizados 543 procedimentos, sendo 105 de rim, 333 de córnea, 103 de fígado e 2 de tecido ósseo. A Fundhacre é o único hospital transplantador do estado e tem se consolidado como referência na região Norte, especialmente pela taxa de sobrevida dos transplantados de fígado.