A sessão da Câmara Municipal de Rio Branco desta terça-feira, 16, começou com atraso, após reunião reservada entre vereadores da base aliada à prefeitura. O encontro ocorreu a portas fechadas, sem presença da imprensa. Informações de bastidores indicam que o tema foi o projeto de subsídio ao transporte público enviado pelo Executivo.
Durante a sessão, o vereador Fábio Araújo (MDB) criticou o projeto, apontando inconsistências entre o parecer da Procuradoria Geral do Município e o texto protocolado. “Solicitamos cópia do projeto original entregue pela prefeitura para verificar se é o mesmo que chegou à Câmara. O processo não está autuado, e há indícios de substituição de folhas”, afirmou.
Araújo também questionou os valores solicitados. Segundo ele, os trabalhadores reivindicam reajuste salarial de 7% e aumento de 10% no auxílio alimentação, o que totalizaria cerca de R$ 270 mil mensais. “Estamos falando de uma diferença gritante. O que os trabalhadores pedem gira em torno de R$ 2,6 milhões por mês, e o projeto prevê um repasse de R$ 14 milhões”, disse.
O vereador apontou ainda a redução da frota como fator que deveria impactar os custos. Em 2023, a planilha de subsídio indicava 116 ônibus em circulação; atualmente, são 99. “Menos veículos significa menos despesa. Precisamos entender por que os valores continuam subindo”, declarou.
Araújo lembrou que os repasses ao transporte coletivo foram realizados nos últimos três anos, com aumento progressivo. “Esse subsídio vem desde 2022. Em 2022 foram R$ 14 milhões, em 2023 foram R$ 43 milhões, em 2024 mais R$ 43 milhões, e agora, em 2025, já houve um repasse de R$ 43 milhões e estão pedindo mais R$ 14 milhões. Ou seja, são dois valores em 2025: um já pago e outro solicitado. É muito dinheiro sendo destinado a essa empresa, e precisamos justificar esse volume de recursos”, concluiu.
Em contraponto, o vereador Samir Bestene (PP), integrante da base do prefeito e membro da Comissão de Transporte, reconheceu os problemas no sistema, mas defendeu a urgência na definição do subsídio e na realização da licitação. “A gente tem visto a tabela que a empresa apresentou aos vereadores, mostrando prejuízos. Mas o mais importante é cobrar melhorias no serviço e acelerar a licitação. Não podemos continuar com contrato emergencial”, afirmou.

Bestene destacou que há leis já enviadas à Câmara que viabilizam o processo licitatório e sugeriu que o modelo seja dividido em lotes, permitindo a participação de mais empresas. “Isso pode garantir um transporte público de mais qualidade, com melhor serviço prestado à população da capital”, disse.
Sobre a tramitação do projeto, o vereador informou que ainda aguarda parecer das comissões, mas acredita que a proposta será votada até quinta-feira, 18. “Foi conversado nas comissões que o projeto deve entrar em pauta até quinta. Por enquanto, seguimos aguardando”, declarou.
Segundo ele, há diálogo com o Sinttpac para evitar paralisações antes da votação. “Houve conversa entre o presidente da CCJ e o presidente da Câmara para segurar essa pauta de paralisação até que o projeto seja votado nesta semana”, completou.