Após duas horas de visita à deputada Carla Zambelli no presídio de Rebibbia, em Roma, os senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Damares Alves (Republicanos-DF), Magno Malta (PL-ES) e Eduardo Girão (Novo-CE) se pronunciaram em frente à penitenciária, acusando o Supremo Tribunal Federal (STF) de perseguição política e cobrando da Justiça italiana que mantenha a parlamentar em solo europeu, em prisão domiciliar.
O grupo classificou a prisão como injusta, fez duras críticas ao Supremo Tribunal Federal e pediu que as autoridades italianas não autorizem o retorno de Zambelli ao Brasil. “Encontramos uma mulher doente, com seus direitos violados, enjaulada, atrás de grades”, afirmou a senadora Damares Alves. “Ela está num lugar com pessoas sentenciadas por crimes absurdos. O que vimos hoje foi uma brasileira longe de casa, presa, injustiçada e perseguida politicamente.”
A condição física e emocional da parlamentar também foi destacada por Flávio Bolsonaro, que classificou a visita como um gesto de apoio em meio ao que chamou de “abuso institucional” no Brasil. “Ela está abatida, mas firme. Dissemos palavras de fé, que vão fortalecer sua esperança. O processo contra ela não foi justo. Ela é uma perseguida política, vítima da máquina pública usada de forma arbitrária”, declarou o senador.
Moraes como alvo central das acusações
Durante toda a coletiva, o ministro Alexandre de Moraes foi citado como o principal responsável pela situação de Zambelli. Os senadores acusaram o magistrado de violar direitos humanos e de promover um julgamento sem garantias mínimas de defesa. “Tudo que os tratados internacionais de direitos humanos proíbem foi feito com Carla”, disse Flávio Bolsonaro. “Ela não teve direito a recorrer, não teve segunda instância, sua defesa foi cerceada. Moraes queria pegá-la de qualquer jeito, e conseguiu.”
“Mantenham Zambelli fora do Brasil”
Sem esconder a intenção de evitar a extradição da deputada, os senadores declararam que vão intensificar a articulação com autoridades italianas. Flávio Bolsonaro confirmou que terá uma reunião com o vice-primeiro-ministro Matteo Salvini no domingo, onde pretende apresentar pessoalmente o caso. “Ainda não solicitamos audiência com o ministro da Justiça, mas vamos pedir. A Itália precisa entender a gravidade da situação. Se tomarem conhecimento dos fatos, tenho certeza de que Carla ficará em liberdade aqui”, disse.
A proposta do grupo é que, ao menos, Zambelli possa cumprir prisão domiciliar na Itália e não seja enviada de volta ao Brasil. “Quando Bolsonaro era presidente, atendeu ao pedido da Itália e devolveu o terrorista Cesare Battisti. Agora pedimos reciprocidade. Deixem Carla aqui. No Brasil, seus direitos continuarão a ser violados”, completou.
Damares Alves e Eduardo Girão relataram detalhes sobre as condições carcerárias de Zambelli. Segundo eles, a deputada divide cela com outras três detentas, incluindo uma condenada por homicídio. A ex-ministra alertou para os riscos de conflitos dentro da unidade. “Num presídio feminino, com várias mulheres juntas, há tensão, brigas. Carla é uma mulher vulnerável, com saúde frágil e que não domina a língua. A Itália precisa considerar isso”, disse Damares.
Ela também questionou a base da condenação no Brasil: “Foi a palavra de uma parlamentar contra a de um criminoso já sentenciado. No Brasil de hoje, a palavra do bandido pesa mais que a de uma deputada eleita.”
Indagado sobre o futuro de Zambelli, Flávio Bolsonaro afirmou acreditar que a deputada será libertada completamente, e não apenas beneficiada com prisão domiciliar. “Ela não cometeu crime. Não há motivo para qualquer tipo de detenção. Quando as autoridades italianas tomarem conhecimento do caso em profundidade, ela sairá pela porta da frente, de cabeça erguida”, concluiu.
Por Extra