Policiais penais ocuparam a galeria da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) na manhã desta terça-feira, 9, em protesto contra o que classificam como abandono por parte do governo estadual. A categoria reivindica o avanço do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR), a criação de um CNPJ próprio e medidas urgentes diante da escalada de fugas no sistema penitenciário.
Com cartazes que diziam “PCCR da Polícia Penal já!” e “Não há segurança pública sem a Polícia Penal”, os servidores denunciaram sobrecarga de trabalho, adoecimento físico e psicológico, além da paralisação de promessas feitas pelo governador durante a campanha. Segundo Leandro Rocha, presidente do Sindicato dos Policiais Penais do Acre (Sindpol), “hoje é um grito de socorro” da categoria.
“Estamos discutindo não apenas um problema institucional, mas um problema de Estado. As fugas são subversão da ordem e afetam diretamente os policiais, os custodiados, seus familiares e toda a sociedade”, afirmou Rocha, ao criticar a gestão atual do sistema penal.
Durante a sessão, o deputado estadual Fagner Calegário (Podemos) anunciou a proposta de criação de uma comissão de parlamentares para visitar unidades prisionais em Rio Branco, Sena Madureira e Cruzeiro do Sul – esta última palco da fuga mais recente. O objetivo, segundo ele, é ouvir os policiais penais que atuam na linha de frente e identificar falhas estruturais.

“Nos últimos 30 dias, a imprensa tem noticiado fugas e mais fugas. Precisamos entender o que está acontecendo e por que não há captura desses presos”, disse o parlamentar.
Outro ponto de tensão é o veto do governo à criação de um CNPJ específico para a Polícia Penal. A medida, segundo Rocha, permitiria a regulamentação institucional da categoria e facilitaria o acesso a emendas parlamentares e investimentos federais. A expectativa é que o veto seja derrubado ainda nesta semana.
“Não há justificativa para esse veto. O CNPJ traria mais segurança à população e corrigiria um problema grave de estrutura”, afirmou o presidente do Sindpol.
Apesar da impossibilidade legal de realizar greve, os policiais penais prometem intensificar os protestos por meio de operação padrão e outras formas previstas em lei. “Vamos continuar esse grito de socorro em prol da nossa categoria, que está sendo abandonada pelo Estado”, concluiu Rocha.