O novo diretor da Specola Vaticana, o observatório astronômico da Santa Sé, afirmou que a descoberta de vida extraterrestre inteligente provocaria uma revolução sem precedentes na teologia e na história da humanidade. O padre Richard Anthony D’Souza, jesuíta indiano de 47 anos nomeado pelo papa Leão XIV, declarou que acolheria seres de outros mundos na Igreja Católica — e que, se necessário, não hesitaria em batizá-los.
O novo diretor da Specola Vaticana, o observatório astronômico da Santa Sé, afirmou que a descoberta de vida extraterrestre inteligente provocaria uma revolução sem precedentes na teologia e na história da humanidade. O padre Richard Anthony D’Souza, jesuíta indiano de 47 anos nomeado pelo papa Leão XIV, declarou que acolheria seres de outros mundos na Igreja Católica — e que, se necessário, não hesitaria em batizá-los.
D’Souza acredita que, se existirem, os alienígenas também seriam criaturas de Deus e, portanto, fariam parte do mesmo plano divino da humanidade. “A religião teria de se adaptar e refletir sobre o lugar dessas criaturas no universo espiritual”, disse o astrônomo, que vê o diálogo entre fé e ciência como essencial.
Apesar de não haver confirmação de vida fora da Terra, o padre considera o tema uma oportunidade para o diálogo entre ciência e espiritualidade. “Ainda não temos nenhuma evidência de vida extraterrestre, mas se for descoberta, certamente provocará muita discussão teológica”, declarou.
Questionado sobre como a fé católica encara o universo, D’Souza lembra que o próprio Big Bang, teoria aceita pela comunidade científica sobre a origem do cosmos, foi proposta por um sacerdote belga, o padre Georges Lemaître, em 1927. “A ideia de um universo com um começo é compatível com a visão cristã de um Criador benevolente”, observou o astrônomo, citando que acredita em um Deus presente no processo da criação.
D’Souza destacou que o eventual contato com vida extraterrestre inteligente teria implicações “sísmicas” tanto para a ciência quanto para a religião. “Seria um enorme desafio para a teologia, pois abriria novas perguntas sobre o significado da encarnação e da salvação”, afirmou ao portal Rádio Veritas Ásia, ao comentar as fronteiras entre fé e ciência.
Ele também afirmou que a fé e a ciência não são opostas, mas complementares. “A astronomia nos lembra de nossa pequenez diante do cosmos, mas também do nosso papel na criação de Deus”, disse.
A nomeação do religioso foi anunciada oficialmente pelo Vaticano em julho deste ano, sob o pontificado do Papa Leão XIV. A instituição, fundada em 1582, é um dos observatórios astronômicos mais antigos do mundo e atua como um importante centro de pesquisa científica da Santa Sé.
D’Souza, de 47 anos, é natural de Goa, na Índia, e pertence à Companhia de Jesus. Formado em Física, com doutorado no Instituto Max Planck de Astrofísica, na Alemanha, e pós-doutorado na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, o astrônomo jesuíta pesquisa a formação e evolução de galáxias. Ele ingressou no observatório em 2016 e sucede o também jesuíta Guy Consolmagno, que ocupava o cargo desde 2015.
A Specola Vaticana, atualmente sediada em Castel Gandolfo e com laboratórios também nos Estados Unidos, tem como missão aproximar o estudo científico do espaço das questões filosóficas e espirituais. Para D’Souza, esse diálogo será ainda mais relevante nas próximas décadas. “Quanto mais o ser humano explorar o universo, mais profundo deve ser o seu senso de humildade e de responsabilidade pela criação”, concluiu.
Por: Correio Braziliense






