Dizem que ninguém morre de coração partido — mas não é bem assim. A síndrome de Takotsubo, também chamada de síndrome do coração partido, é provocada por situações de estresse intenso (físico ou emocional) e afeta diretamente o funcionamento do músculo cardíaco, como se fosse um infarto. Apesar de geralmente ter evolução benigna, se não for tratada adequadamente, pode causar complicações e até levar à morte.
Essa síndrome é uma cardiomiopatia induzida por estresse, caracterizada pela perda temporária da capacidade de contração do músculo cardíaco, sem obstrução significativa das artérias coronárias — ao contrário do que ocorre em um infarto clássico.
“É uma condição clínica que mimetiza um infarto do miocárdio, em que ocorre disfunção segmentar do músculo cardíaco, geralmente transitória, na ausência de obstrução das artérias coronarianas”, explica o cardiologista Marcelo Franken, gerente de Cardiologia do Einstein Hospital Israelita.
O nome curioso não é por acaso: a síndrome costuma surgir após fortes abalos físicos ou emocionais, como a perda de alguém querido, situações traumáticas, cirurgias, infecções graves e até o uso de drogas estimulantes. “Ela é considerada uma doença cardíaca real, que aparece após situações de estresse físico ou emocional intenso”, ressalta a cardiologista Salete Nacif, diretora da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) e integrante da Socesp Mulher, departamento focado na saúde feminina.
Sintomas parecidos
Um dos maiores desafios no diagnóstico correto da síndrome do coração partido é que os sintomas são praticamente idênticos aos de um infarto agudo do miocárdio. Dor súbita no peito, falta de ar, palpitações, sudorese fria e desmaios podem ocorrer, o que leva muitos pacientes ao pronto-socorro. “Inclusive, há alterações no eletrocardiograma e nos exames laboratoriais, assim como acontece no infarto”, observa Franken.
Essa semelhança exige investigação detalhada para confirmar a causa do quadro. Por isso, o diagnóstico envolve exames clínicos e laboratoriais, eletrocardiograma, ecocardiograma e o cateterismo, essencial para descartar a obstrução coronária típica do infarto. Em alguns casos, a ressonância magnética cardíaca também pode ser indicada.
“Clinicamente, os sintomas são quase idênticos. A diferença só fica clara com exames. No infarto, há obstrução de uma artéria coronária, visível no cateterismo. Na síndrome de Takotsubo, não há obstrução; observa-se uma alteração típica no movimento do coração, especialmente no ventrículo esquerdo”, detalha Nacif.
A causa exata da síndrome ainda não é totalmente conhecida, mas sabe-se que ela está relacionada a uma descarga excessiva de hormônios do estresse, como a adrenalina, que afeta o músculo cardíaco e altera sua função temporariamente.
Por Metrópoles








