Enquanto algumas pessoas acordam e logo vão tomar café da manhã, outras enrolam com mil e uma atividades até parar para fazer a primeira refeição do dia. Publicado na revista científica Communications Medicine no mês passado, o estudo Trajetórias de horários das refeições em idosos e suas associação com morbidade, perfis genéticos e mortalidade enfatizou ser ideal comer no período da primeira hora após despertar.
A coluna Claudia Meireles conversou com o médico Arthur Rocha para saber os benefícios de consumir o café da manhã instantes após acordar e como essa prática impacta na saúde metabólica.
De acordo com o nutrólogo, para “entender o porquê”, é preciso lembrar que o corpo tem um relógio interno, ou seja, o ritmo circadiano, que regula processos metabólicos como liberação hormonal, sensibilidade à insulina e utilização de energia. “Quando comemos em horários que desrespeitam esse ciclo, pode haver desalinhamento metabólico, isto é, o corpo não responde tão bem ao alimento”, explica.
O especialista argumenta que “comer cedo no dia ou distribuir boa parte das calorias nas manhãs” tende a:
- Melhorar a resposta glicêmica, ou melhor, causar menos picos de glicemia;
- Favorecer perfil lipídico mais saudável;
- Aumentar a eficiência no uso energético;
- Reduzir níveis negativos de comer muito tarde, que está associado a pior tolerância à glicose;
- Ajudar no controle de peso, quando aliado a uma alimentação equilibrada e restrição de horário.
“Quando se espera muito tempo após acordar para comer, o jejum prolongado pode levar a flutuações maiores da glicemia (mais altos e baixos); maior liberação de hormônios do estresse, a exemplo do cortisol; e até fome exagerada mais tarde no dia, o que tende a levar a escolhas alimentares menos saudáveis”, acentua Arthur.
Conforme o nutrólogo, comer “logo ao despertar” atua como um ponto de partida. “Inicia o reset metabólico para o dia”, salienta. Ele faz um adendo ao caso de pessoas com jejum intermitente ou restrições médicas: “Elas podem adaptar horários”. O especialista acrescenta que esse momento deve ser compatível com o “ciclo circadiano, saúde e tolerância individual.”
Por: Metrópoles