Ramon passou, então, a praticar calistenia – tipo de treino que utiliza o peso do próprio corpo para desenvolver força, flexibilidade e resistência -, em um espaço público dentro do Parque Horto Florestal, em Rio Branco.
Foi durante uma de suas sessões de calistenia que Dino foi “descoberto”. O então fisiculturista Márcio Garcia fazia uma caminhada pelo parque, em preparação para uma competição, quando avistou Ramon e se impressionou com o físico do garoto, que até então tinha 21 anos.
Márcio convidou Dino para treinar em uma academia em que ele era estagiário e o apresentou ao fisiculturismo. A partir daí, eles começaram a treinar juntos e Ramon passou a também a realizar uma dieta simples para ajudar na hipertrofia.
Após alguns meses de preparação, Dino competiu pela primeira vez em um evento em Porto Velho, Rondônia, e foi campeão. Depois, emplacou seguidos títulos de competições estaduais e regionais e passou a alçar voos mais longos.
Cartão profissional e mudança para São Paulo
Dino decidiu trabalhar com um novo treinador a partir de 2018, o nutricionista e educador físico Geovanni Sampaio. O profissional passou uma dieta de arroz com ovo para o atleta, já que muitas vezes ele não tinha condições de comprar alimentos mais caros, e o ajudou a conseguir o pro card ao vencer o Mr. Olympia Brasil.
Apesar de ter obtido o cartão profissional, Dino voltou para o Acre e ficou um longo tempo sem receber oportunidades. Foi somente no meio da pandemia que o influencer fitness Toguro convidou Ramon para passar uma temporada na Mansão Maromba, espaço que é ponto de encontro de digital influencers para criação de conteúdo, em São Paulo.
Em dois meses na Mansão Maromba, Dino conheceu Vitória Viana, a Vit, que anos mais tarde viria a se tornar sua esposa e mãe de seus dois filhos. Ramon chegou a voltar para o Acre, mas o ex-fisiculturista e empresário Renato Cariani – que passou a ser seu treinador – viu potencial e o trouxe de volta para que morasse em São Paulo para se dedicar à carreira de fisiculturismo, em 2021.
Muito prazer, Ramon Dino
Foi durante esse período que Ramon conheceu o apelido de “Dinossauro Acreano”. Após alguns meses de preparação, Dino fez sua estreia em competições internacionais e ficou em segundo lugar no Europe Pro, na categoria Classic Physique. O resultado fez com que ele se classificasse para disputar o primeiro Mr. Olympia da vida.
Logo em sua estreia no maior palco de fisiculturismo do mundo, Dino surpreendeu a todos e terminou na quinta colocação. Nas duas edições seguintes, terminou em segundo lugar – atrás apenas do canadense Chris Bumstead, o CBum.
Por conta dos bons resultados no Olympia, Ramon passou a ganhar cada vez mais destaque nas redes sociais. No ano passado, já com o treinador Filipe Pereira, havia grande expectativa de que o brasileiro pudesse tirar o título de CBum, mas isso não aconteceu. Dino suou no palco e acabou em quarto lugar.
Mudança na comissão técnica
O resultado foi abaixo do esperado e levou a uma série de críticas à comissão técnica do atleta. No início de 2025, Ramon anunciou o renomado Fabrício Pacholok como seu novo técnico e André Pieri, o Pajé, como coach de poses.
Junto à comissão técnica, Dino optou por não subir no palco ao longo da temporada e fez um período de off-season maior. Sua estreia em 2025 aconteceu justamente no Mr. Olympia, com uma vitória enorme: o inédito título da Classic Physique.
Por Wesley Felix/Globo Esporte