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Vodca por sonda já foi usada como antídoto contra metanol

Vodca por sonda já foi usada como antídoto contra metanol

Foto: Reprodução

O uso de vodca por sonda, aplicada no hospital, já serviu como antídoto emergencial no tratamento de intoxicação por metanol. A informação foi confirmada pelo Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) da Unicamp, que explicou que a manobra serve para “ganhar tempo” até o uso das substâncias indicadas para esses casos.

Nesta terça, o centro da Unicamp apontou que o Brasil não tem estoque suficiente de antídotos para tratar casos de intoxicação por metanol. O governador de São Paulo anunciou que foram confirmadas cinco mortes por intoxicação por metanol. Uma delas já foi comprovadamente causada pelo consumo de bebida alcoólica adulterada. As outras quatro seguem sob investigação.

Segundo os médicos, o fomepizol é o antídoto mais eficaz contra a intoxicação por metanol, e o etanol também é usado em emergências. Os dois atuam inibindo a ADH (álcool desidrogenase), enzima que, durante a metabolização no fígado, transforma o metanol em formaldeído e o converte em ácido fórmico – verdadeiro responsável pelas reações graves.

No entanto, na falta dessas substâncias, a vodca, por conta do teor alcoólico, já foi administrada por sonda até a equipe médica iniciar o tratamento recomendado – entenda abaixo o motivo ⬇️

“Nós tivemos alguns desses casos que o hospital de origem não dispunha do álcool absoluto, esse álcool apropriado para iniciar o tratamento. Então, eles começaram com a vodca, pela sonda, que é o produto que leva até o estômago. A vodca foi usada para ganhar tempo”, explicou Camila Prado, médica do CIATox.
🔎 O que é o metanol? É uma substância altamente inflamável, tóxica e de difícil identificação. A ingestão, inalação ou até mesmo o contato prolongado com metanol podem causar náusea, tontura, convulsões, cegueira e até levar à morte.

Por que a vodca?
A médica Camila Prado, do CIATox, explica que o fígado metaboliza primeiro o etanol, deixando o metanol “de lado”. Isso dá tempo para que os rins eliminem o metanol do organismo.

“É como se o etanol deixasse o fígado ocupado com uma outra substância e não transformasse o metanol”, alerta.

Sem o etanol puro para o tratamento indicado, hospitais já recorreram a vodca, aplicada por sonda.

A escolha por esse tipo de bebida leva em consideração o seu teor alcoólico e o fato que ele não costuma variar entre marcas, o que torna os cálculos para a sua aplicação mais precisos.

“O esperado é que a vodca tenha 40% de álcool. Uísque e cachaça também poderiam ser usados, mas a porcentagem de etanol varia mais nessas bebidas e os cálculos não seriam tão precisos. E nós fazemos um cálculo cuidadoso, que leva em conta a diluição e o peso do paciente”, detalha a médica.

Por: G1

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