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Do sonho à realidade: pecuária sustentável no Acre dobra a renda de produtores e preserva a floresta. VÍDEO

Programa REM e políticas públicas inovadoras elevam produtividade, recuperam áreas degradadas e conciliam desenvolvimento rural com conservação ambiental no estado.

Anne Nascimento por Anne Nascimento
30/10/2025 - 14:00
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Utopia, por definição, significa um sonho irrealizável, um lugar inexistente. O termo, cunhado por Thomas More em 1516 no livro homônimo, simboliza uma perfeição tão incrível que seria impossível de se tornar realidade. A obra descreve uma sociedade ideal para criticar os problemas sociais e políticos da Europa do século XVI. A ilha imaginária de Utopia se baseia na ausência de propriedade privada, no trabalho coletivo obrigatório e na educação universal. Algo simplesmente impossível, tanto que ganhou o sinônimo de perfeição inalcançável.

No contexto amazônico, o grande “impossível” foi a coexistência harmônica entre sustentabilidade e desenvolvimento econômico. Essa dicotomia, em que o progresso parecia exigir o sacrifício da floresta, começa a ser desfeita no Acre graças ao Programa REDD Early Movers (REM) — uma iniciativa de cooperação entre os governos do Estado, da Alemanha e do Reino Unido para o apoio na conservação das florestas e na redução do desmatamento. O Acre, inclusive, foi primeiro no mundo a receber os benefícios desse “pagamento por resultados”.

Mas como uma parceria internacional se traduz em preservação efetiva e aumento de renda no campo?

Valdomiro Bento, produtor rural há 40 anos, viu a mudança com os próprios olhos. Mineiro de nascimento, mas acreano de alma, adquiriu há 16 anos uma propriedade na zona rural de Rio Branco, nas proximidades do Bairro Vila Acre, atuando na produção de leite.

Além do aprendizado, essa aliança internacional mudou a mentalidade de quem já se beneficiou do projeto. “Hoje, eu penso que, para produzir, não há necessidade de desmatar. Antes, eu era um tirador de leite; agora, sou um produtor”, explica Valdomiro, orgulhoso. E é a partir de histórias como a dele que o Acre começa a concretizar seu ideal.

Mudança

“Antigamente, a gente precisava de áreas maiores para produzir pouco. Minha propriedade é pequena, tem 12 hectares. Já tive uma de 600, mas posso garantir que estou satisfeito com o trabalho que faço aqui porque rende bem mais do que a outra”, diz Bento.

Do sonho à realidade: pecuária sustentável no Acre dobra a renda de produtores e preserva a floresta. VÍDEO
Produção de leite de Valdomiro Bento aumentou após a implantação da Pecuária Sustentável. (Foto: Kauã Lucas)

Na antiga fazenda,  Valdomiro produzia feno; depois, optou por mudar para o ramo de laticínios. “Quando eu comecei, eu tirava 30 litros de leite; hoje, eu tiro 130, 140 litros”, enfatiza.

O salto de produtividade é resultado direto de investimentos em tecnologia e recuperação de pastagens. Atualmente, as 40 vacas de Valdomiro desfrutam de alimentação de qualidade, ambiente sombreado por árvores e acompanhamento eletrônico.

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Os recursos são do Programa REM, que atua em parceria com governo do Acre por meio da atuação da Secretaria de Estado de Agricultura (Seagri). Com o subprograma Pecuária Diversificada Sustentável — voltado principalmente ao pequeno produtor e à recuperação de áreas degradadas —, foi possível que Valdomiro pudesse ter em mãos o necessário para sua propriedade.

Do sonho à realidade: pecuária sustentável no Acre dobra a renda de produtores e preserva a floresta. VÍDEO
Vacas na propriedade de Valdomiro Bento. O local é considerado um exemplo de manejo sustentável. (Foto: Ellem Jady/REM)

“Adquiri o calcário para recuperação do solo com apoio do governo e da prefeitura. Isso permite o pastejo rotacionado, que é quando um grupo de vacas come primeiro, depois vem outro grupo se alimentar. Elas [as vacas] vão se revezando”, afirma o produtor, que se tornou um entusiasta e um porta-voz informal. “Sempre indico o apoio do governo e do Programa REM aos meus amigos. Eu me sinto lisonjeado por fazer parte desta ideia inovadora”.

Valdomiro diz também ter notado uma mudança no comportamento das próprias vacas, que se tornaram mais dóceis. “Há o aprimoramento genético, há a melhoria no pasto, o local onde elas ficam não é quente…Tudo isso reflete no jeito que elas tratam a gente”.

Do sonho à realidade: pecuária sustentável no Acre dobra a renda de produtores e preserva a floresta. VÍDEO
Pastagens antes e depois da implantação das Unidades Demonstrativas. (Arte: Programa REM)

Impulsionando a pecuária sustentável com tecnologia

O técnico do Departamento de Agronegócio da Seagri, João Paulo Bessa, destaca o impacto da Pecuária Diversificada Sustentável, explicando que o objetivo é fazer com que o produtor otimize sua área, aumente a capacidade de suporte e coloque mais animais no mesmo espaço.

A Seagri também particupa da seleção: conforme a demanda, a pasta elenca os produtores que se enquadrem dentro do que editais pregam, principalmente aqueles menores. “A partir disso, a gente consegue fazer um planejamento com relação ao programa”. Ele relata que existem vários projetos que o REM apoia no Estado. “Fazemos a gestão de contrato com os produtores contemplados”, esclarece o técnico.

Os produtores, além dos insumos, contam com assistência técnica. O diferencial é a tecnologia de monitoramento animal, semelhante a um smartwatch, que coleta dados de batimentos, temperatura e fertilidade, enviando alertas diretamente ao celular do produtor. “Essas informações também chegam ao veterinário, que antecipa decisões e melhora o manejo da propriedade”, completa Bessa.

Para ele, o resultado mais gratificante é a conscientização. “O produtor entende que as áreas rurais estão mais caras e com limitações de uso. O caminho é aumentar a produtividade dentro da mesma área. A Seagri leva a ação de política pública e o conhecimento. O produtor vê que isso traz resultado”.

Do sonho à realidade: pecuária sustentável no Acre dobra a renda de produtores e preserva a floresta. VÍDEO
Insumos na propriedade de Valdomiro Bento. Foto: Ellem Jady/REM

Programa REM

Lançado durante a Conferência Rio+20, em 2012, o Programa REM é financiado pelo Fundo de Energia e Clima do governo da Alemanha, com apoio do Reino Unido. É reconhecido no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).

O Acre conseguiu implementar o REM por conta da criação do Sistema de Incentivos a Serviços Ambientais (Sisa), por meio da Lei nº2.308/2010, que valoriza o papel de comunidades indígenas, extrativistas e produtores rurais sustentáveis na proteção da floresta.

Como funciona

O REM trabalha com base na lógica de remuneração por resultados: o estado comprova, com metodologias científicas, que reduziu o desmatamento e as emissões de carbono; em troca, recebe recursos financeiros não reembolsáveis. Esse “financiamento ponte” ajuda o governo a fortalecer políticas públicas ambientais e a promover o desenvolvimento sustentável.

O montante é distribuído em subprogramas temáticos:

  • Indígena, que apoia a gestão territorial e ambiental dos povos indígenas;
  • Produção Familiar Sustentável, que incentiva boas práticas agrícolas de baixo impacto;
  • Extrativismo, voltado ao fortalecimento das cadeias produtivas da floresta;
  • Pecuária Diversificada Sustentável, que promove a recuperação de áreas degradadas e o manejo sustentável.

Fases e investimentos

Na primeira fase (2012–2016), o REM Acre recebeu cerca de € 25 milhões, destinados a recompensar resultados em redução de emissões equivalentes a mais de 6,5 milhões de toneladas de CO₂. A segunda fase (2017– em andamento) ampliou o investimento para €30 milhões, com meta de compensar 7,2 milhões de toneladas de CO₂, consolidando a parceria entre o Acre, o Banco de Desenvolvimento Alemão (KfW) e o Reino Unido.

Resultados que superam metas

O REM e a Seagri divulgaram À GAZETA uma nota técnica sobre a Pecuária Diversificada Sustentável, apresentando resultados sólidos nas Unidades Demonstrativas (UDs), locais onde o subprograma foi posto em prática:

Do sonho à realidade: pecuária sustentável no Acre dobra a renda de produtores e preserva a floresta. VÍDEO
metas e resultados da Pecuária Sustentável. Ilustração: Programa REM

Nas áreas sem manejo, a produção média diária de leite era de 40 litros; nas UDs implementadas, atingiu 100 litros por dia. A mudança se reflete na renda média diária, que saltou de R$ 170 para R$ 350. Para uma família de produtores, essa diferença representa aproximadamente R$ 5,4 mensais a mais na economia familiar, o que garante segurança alimentar e capacidade de reinvestimento.

Do sonho à realidade: pecuária sustentável no Acre dobra a renda de produtores e preserva a floresta. VÍDEO
Arte: Programa REM

Mais de 20 mil produtores beneficiados

Desde 2012, o Programa REM já beneficiou mais de 20 mil produtores da agricultura familiar no Acre, segundo a coordenadora-geral, Marta Azevedo. “Além de integrar a renda, conseguimos diminuir a pressão sobre a floresta, com resultados sólidos”, diz, enfatizando que os beneficiados possuem áreas de até 50 hectares. “A produção aumentou mesmo no período de estiagem”, reflete.

Somente em 2025, foram entregues, até setembro, mais de 360 toneladas de calcário e 95 toneladas de fertilizantes. Para 2026, a expectativa é que as unidades passem a contar também com sistemas de energia solar, o que torna o processo ainda mais eficiente e sustentável.

O documento também presta contas em relação aos investimentos: cada UD tem custo médio de R$ 25.531,20 por hectare, sendo 53% financiado pelo benefício e, 43%, a contrapartida do produtor.

Do sonho à realidade: pecuária sustentável no Acre dobra a renda de produtores e preserva a floresta. VÍDEO
Dados disponibilizados pelo Programa REM. (Arte: A Gazeta do Acre)

O REM, apenas com a Pecuária Sustentável, atende Rio Branco, Bujari, Porto Acre, Plácido de Castro, Senador Guiomard, Acrelândia, Capixaba, Xapuri, Epitaciolândia, Brasiléia, Assis Brasil, Sena Madureira, Manoel Urbano, Feijó e Tarauacá.

Como participar

Para integrar o Programa REM Acre, é necessário se inscrever em vagas divulgadas em editais públicos, abertos pelo governo do Estado. A intenção é convocar organizações, associações, cooperativas e comunidades que desenvolvem ações alinhadas aos objetivos, como conservação ambiental, manejo sustentável, produção familiar e fortalecimento de povos e comunidades tradicionais.

Os editais, relatórios e documentos técnicos podem ser acessados no site oficial: www.programarem.ac.gov.br.

Olhar para o passado para enxergar o futuro

A eficiência da pecuária está intimamente ligada à agenda ambiental do Acre, que registrou altos índices de queimadas e desmatamento no ano passado. O secretário de Estado de Meio Ambiente, Leonardo Carvalho, explica que o avanço, em 2025, é fruto de planejamento e ação integrada, dentro do programa Contenção Verde.

“Não é só comando e controle. Apostamos muito na educação ambiental e na articulação com os municípios, mostrando alternativas ao uso do fogo, práticas agrícolas de menor impacto e a própria pecuária sustentável”.

Com o resultado, o Estado reduziu em 74% o número de focos de queimada de 1º de janeiro a 28 outubro — caindo de 8.409 (em 2024) para 2.150 (em 2025). A queda, além de expressiva, é rara dentro da série histórica de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe): a média dos últimos 25 anos para o período ultrapassa 6 mil focos, o que coloca o resultado de 2025 em patamar bastante abaixo do esperado. Para se ter ideia, em 2020 o Acre somou mais de 9 mil queimadas, e em 2022 o número passou dos 11 mil, um dos piores índices já registrados.

Além disso, um levantamento do Centro Integrado de Geoprocessamento Ambiental (Cigma), com base nos dados do Inpe, aponta redução de 45,53 km² para 38,02 km² em áreas com alertas, equivalente a cerca de 909 campos de futebol. Os números são referentes ao primeiro semestre de 2025, e são comparado com o mesmo período do ano passado.

“Dá para viver de forma sustentável e grandiosa. Desenvolvimento e conservação não são incompatíveis. O sofrimento do ano passado com a poluição levou a uma maior conscientização, e precisamos encontrar o ponto de equilíbrio — aumentar a produção sem comprometer o meio ambiente”, ressalta o secretário.

Do sonho à realidade: pecuária sustentável no Acre dobra a renda de produtores e preserva a floresta. VÍDEO
Leonardo Carvalho, secretário de Estado de Meio Ambiente. Foto: Alice Leão/Secom

Utopia?

O livro Utopia descreve uma sociedade ideal, um “não lugar” concebido para criticar os problemas sociais. A pecuária sustentável no Acre, porém, mostra que, diferente da ilha imaginária de More, é possível transformar o ideal em realidade.

Por meio de políticas públicas eficazes, transparência nos investimentos e apoio à agricultura familiar, o Estado alia produtividade e conservação. Valdomiro é a prova disso: “Se todo produtor enxergasse dessa forma, eu acredito que a gente viveria em um ambiente bem melhor, com a floresta de pé”.

O que antes parecia um sonho distante torna-se concreto: a terra se recupera, a renda do produtor dobra e a floresta respira. O futuro sustentável já chegou às mãos de quem acredita que é possível produzir sem destruir, e certifica que o ideal pode, sim, se tornar realidade.

 

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