O Acre está entre os estados mais dependentes dos repasses da União, de acordo com o Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO em Foco – 4º bimestre de 2025), publicado pela Secretaria do Tesouro Nacional. Segundo o documento, 70% da receita corrente do estado vem de transferências federais, como Fundo de Participação dos Estados (FPE), Fundeb, SUS e outros programas nacionais.
Com esse percentual, o Acre ocupa a segunda posição no ranking nacional de dependência, ficando atrás apenas do Amapá, onde 77% das receitas são provenientes da União. Logo após o Acre aparecem Roraima (66%), Maranhão (64%) e Sergipe (64%), evidenciando que as regiões Norte e Nordeste seguem mais dependentes do apoio financeiro do governo federal.
Apesar da alta dependência, o Acre apresentou resultado fiscal positivo. O relatório aponta um superávit orçamentário de R$ 1,05 bilhão, o equivalente a 14% da Receita Corrente Líquida (RCL). Isso significa que o estado arrecadou mais do que gastou, mantendo o equilíbrio das contas públicas e dando continuidade à trajetória de superávits que vem sendo observada desde 2024.
De acordo com o Tesouro, o bom desempenho é reflexo do crescimento da receita corrente — que somou R$ 7,99 bilhões até agosto de 2025, uma alta de 11% em relação ao mesmo período de 2024 — e de um controle mais rigoroso sobre as despesas, que cresceram 9%, totalizando R$ 6,53 bilhões.
O documento ressalta que, embora o Acre apresente uma gestão fiscal equilibrada, a forte dependência das transferências federais ainda representa um risco estrutural, pois reduz a autonomia financeira do estado e o torna mais vulnerável a eventuais oscilações nas políticas de repasse da União.
“A predominância das transferências correntes na composição das receitas estaduais evidencia a importância dos repasses federais para o equilíbrio orçamentário dos estados da Região Norte”, destaca o relatório do Tesouro Nacional.
O Acre segue, portanto, em uma posição dual: financeiramente estável, mas estruturalmente dependente. O desafio para os próximos anos será ampliar a arrecadação própria, diversificar a economia e reduzir a vulnerabilidade fiscal diante das variações de repasses federais.








