Muitas vezes usamos desculpas para não buscar algo que desejamos, por ser difícil ou simplesmente por falta de coragem. Mas o que fazer quando o obstáculo é uma deficiência? Para a jovem de 22 anos, Sarah Santiago, a perda parcial da visão nunca foi motivo de desistência nunca ou de desculpa, mas sim um exemplo de perseverança e até mesmo de transformação na fotografia.
A fotógrafa, que vem conquistando seu espaço, mostra que as limitações servem para motivar ainda mais a buscar aquilo que realmente se deseja.

Sarah Katrinny Santiago Mota nasceu com apenas 35% da visão total, enquanto sua irmã gêmea nasceu com perda completa da visão. Desde pequena, Sarah já mostrava interesse pela fotografia, começando como um hobby simples para postar fotos nas redes sociais. Com o tempo, a paixão se intensificou e se tornou seu principal meio de expressão.
“Eu comecei tirando foto para mim mesma, para minha irmã também e no começo era só um hobby para postar nas redes sociais e aí aquilo me encantou muito, e para mim eu não achava que eu tirava foto perfeitamente” relata Sarah.

Além do que os olhos veem
Por causa da deficiência visual, Sarah passou a ver o mundo e a fotografia de uma forma diferente com mais atenção aos detalhes e sensibilidade para aquilo que muitas vezes passa despercebido aos outros. A arte a levou a mostrar ao mundo sua maneira única de enxergar, com capturas marcadas por um olhar sensível e detalhista.
“A fotografia se tornou uma forma de enxergar além do que é visível, de capturar sentimentos e perspectivas que refletem o que eu vivo e sinto”, conta a fotógrafa.
Os desafios de enxergar são muitos, mas as adaptações também. Inicialmente, Sarah fotografava apenas com o celular, adaptando-o ao seu uso. Sua oportunidade de trabalhar com câmera profissional veio durante o espetáculo de dança contemporânea “Tudo Tem Donato”, que celebra João Donato na Usina de Arte.
“Vou aprendendo e me adaptando com o que tenho, sempre tentando aproveitar ao máximo cada oportunidade para melhorar meu olhar e minha prática na fotografia”, explica.
Confiança como maior desafio
Sarah afirma que a dificuldade maior não está na deficiência, mas na confiança em si mesma. Para muitos, há uma “visão perfeita” na arte, mas ela acredita que a fotografia é, acima de tudo, uma expressão pessoal do que o fotógrafo sente.
“Com o tempo, percebi que a fotografia não é só sobre enxergar, é sobre sentir. Eu aprendi a usar outros sentidos, como a intuição e a sensibilidade, para compor minhas fotos. Então, o que antes era uma barreira acabou se transformando em um diferencial”, afirma.

Hoje, Sarah está apenas no início da carreira, mas já surpreende e encanta pelo cuidado em capturar cada detalhe. Seu objetivo é que suas fotos contem histórias que inspirem e despertem sentimentos nas pessoas, e que, com dedicação e estudo, ela possa perseverar ainda mais na fotografia.
“Mais do que sucesso, o que eu realmente quero é que a minha fotografia tenha significado, que toque quem vê e que seja uma extensão de quem eu sou”, afirma.
Além do desenvolvimento artístico, Sarah busca ser exemplo e inspiração para outras pessoas com deficiência que desejam trabalhar com arte, e afirma que a visão não é o único caminho para criar e expressar sentimentos.
Como muitos artistas com visão reduzida lembram, o mundo que vemos é diferente, então o olhar que você desenvolve também será único”, finaliza Sarah.







