O jornalista acreano Victor Manoel esteve em Berlim, na Alemanha, onde participou da ESMO 2025 (European Society for Medical Oncology), o maior congresso de oncologia da Europa, realizado entre os dias 17 e 21 de outubro. A conferência reúne oncologistas, pesquisadores, profissionais de saúde e representantes da indústria farmacêutica de todo o mundo para discutir os avanços mais recentes no diagnóstico, tratamento e prevenção do câncer.
Victor foi um dos três jornalistas selecionados no Lab de Conteúdo da Jornada de Jornalismo de Saúde da Galápagos, realizada em maio, em São Paulo, com apoio da Bayer, empresa que financiou a viagem e o suporte técnico. O programa é voltado à formação de jovens comunicadores em pautas de saúde pública, inovação e ciência.
Durante o lab, Victor produziu um podcast sobre a relação entre desmatamento e novas pandemias, inspirado em uma palestra do Dr. Luiz Rizzo, diretor de pesquisa do Hospital Albert Einstein. “A discussão partiu do exemplo do morcego de Wuhan, que não teria infectado a cidade com o coronavírus se seu nicho ecológico estivesse preservado. A partir daí, pensei na Amazônia e nas consequências da destruição ambiental para a saúde global”, explica.
Agora em Berlim, o jornalista pretende produzir materiais sobre como as mudanças climáticas interferem no surgimento de novos cânceres, com foco em três frentes: o impacto ambiental no câncer de próstata, os esforços da indústria farmacêutica em regiões periféricas e o aumento dos casos de câncer de pulmão entre jovens no mundo.

À GAZETA, Victor descreveu a experiência como uma conquista coletiva. “Eu estou muito feliz e muito grato. Sei o quanto foi um esforço coletivo eu estar aqui. Tenho noção do quanto me esforço, mas também do quanto outras pessoas me ajudaram a chegar até aqui. Eu represento o Acre, represento o Brasil e uma juventude amazônica que quer se ver nesses espaços”, afirmou.
Ele destaca que sua presença no ESMO é também um gesto de compromisso com o jornalismo amazônico. “Eu sou parte de um movimento. A juventude do Comitê Chico Mendes, os novos alunos de jornalismo, todos nós fazemos parte dessa revolução da imagem da Amazônia para o mundo. A gente é um polo de sabedoria, de pesquisa, de informação e de tecnologia muito grande”.
Victor, que já passou por veículos e organizações como a Comissão Pró-Indígena do Acre, disse que encara sua participação no congresso como a “Parte 1” de um percurso que se completa em novembro, quando estará na COP, conferência climática da ONU.

“Estou tratando o ESMO como a parte um e a COP como a parte dois. Quero traduzir para os acreanos como o mundo discute temas que impactam diretamente a nossa vida. Por exemplo, aqui se fala sobre tecnologias de diagnóstico enquanto no Acre temos apenas duas ou três máquinas de ressonância magnética na rede pública. É esse abismo que eu quero ajudar a diminuir com informação.”
Entre entusiasmo e senso de missão, Victor resume o sentimento de estar em sua primeira viagem internacional. “Saber que um de nós está aqui já é muito gratificante. Saber que esse um sou eu é transformador. Só espero conseguir recompensar toda a energia boa e os encontros que tive na minha vida até aqui”, finalizou.