O humorista e taxista Raynery Cunha, conhecido em Sena Madureira, veio a público nesta quinta-feira, 16, para se defender da repercussão negativa gerada por uma apresentação sua na Câmara Municipal de Vereadores. Cunha compareceu à Casa Legislativa na sessão da última terça-feira, 14, vestido com trajes característicos de sacerdotes de religiões de matriz africana, o que gerou notas de repúdio tanto da Federação das Religiões de Matriz Africana do Acre (Feremaac) quanto da própria Câmara.
Em um vídeo divulgado nas redes sociais, o humorista buscou esclarecer a situação, afirmando que a figura do ‘Pai Raynery do Yaco’ é um personagem que ele criou há mais de quatro anos. Segundo ele, o objetivo de “benzer” o ambiente legislativo com o personagem era puramente humorístico e visava, de forma “engraçada”, fazer a “paz reinar” no local, sem intenção de atacar qualquer religião.
Repercussão e Críticas
A Feremaac divulgou uma nota de repúdio exigindo que Cunha se retratasse publicamente pelo ato, considerado desrespeitoso às suas crenças. A Câmara de Vereadores também manifestou seu repúdio.
Raynery, por sua vez, confrontou a reação da Casa Legislativa. “Minha intenção não foi entrar no Plenário, como não entrei,” disse ele. O humorista questionou o que chamou de “seletividade” no repúdio da Câmara. “Como esses vereadores pedem respeito se eles mesmos não se respeitam? Eu não vi a Câmara Municipal postar uma nota de repúdio quando um vereador, sessões atrás, atacou uma mulher, não vi!”
O taxista afirmou, ainda, que sua profissão lhe garante liberdade de expressão. “Eu como humorista tenho total liberdade de me expressar desde que não atrapalhe os trabalhos, e eu não atrapalhei porque eu não entrei no plenário. Essa nota de repúdio que vocês emitiram não vale bosta [referindo-se à nota da Câmara de Vereadores],” disparou.
“Deveriam ter orgulho”
Sobre a nota da Feremaac e das lideranças religiosas, Cunha reforçou que nunca teve a intenção de ofender ou debochar das religiões de matriz africana.
“Eu faço o personagem do Pai Raynery há uns 4 anos, nunca recebi ataque, nunca recebi nota de repúdio. Nunca citei religião qualquer, e muito menos ofendi, muito menos debochei,” explicou. Ele reconheceu que a vestimenta pode ter caracterizado uma determinada religião, mas questionou: “Mas que ofensa eu fiz de alguma religião? Eu diminuí alguma religião? Eu debochei de alguma religião? Porque o personagem incorporado foi lá pra levar a paz, então vocês deveriam ter orgulho.”
Apesar da polêmica, Raynery Cunha manteve o tom de defesa de sua expressão artística, embora o ato tenha provocado uma forte reação em Sena Madureira e no estado do Acre.