A Justiça do Acre aceitou a denúncia do Ministério Público contra o tenente da reserva da Polícia Militar, Reginaldo de Freitas Rodrigues, de 56 anos, acusado de assassinar Ionara da Silva Nazaré, de 29 anos, com quatro tiros na madrugada de 27 de setembro, no bairro Mocinha Magalhães, em Rio Branco. A decisão é do juiz Fábio Alexandre Costa de Farias, da 1ª Vara do Tribunal do Júri.
Na decisão, o magistrado destacou que há provas da materialidade e indícios suficientes de autoria do crime. Segundo ele, os elementos apresentados no inquérito policial, como o boletim de ocorrência, laudo cadavérico e depoimentos de testemunhas, apontam de forma robusta para a participação do acusado.
“O modus operandi empregado revela periculosidade social e frieza incomuns. O acusado, policial militar (embora na reserva), valendo-se de arma de fogo pertencente ao acervo da PMAC, teria executado sua companheira com quatro disparos após uma discussão por motivo fútil (ciúmes)”, escreveu o juiz ao converter a prisão temporária em prisão preventiva.
O magistrado considerou que a liberdade do acusado representa risco à ordem pública e à instrução criminal, ressaltando a gravidade do crime e o fato de ele ter ocorrido dentro da própria casa da vítima. O militar deve continuar preso no Batalhão de Operações Especiais (Bope).
Morta na frente das filhas
Ionara foi morta dentro de casa, na frente das duas filhas, de 3 e 7 anos, que moravam com o casal. De acordo com a investigação, a discussão que antecedeu o crime teria começado por causa da pensão alimentícia de um filho do tenente, fruto de um relacionamento anterior. Durante a briga, ele quebrou uma televisão, um tablet e o celular da vítima, antes de efetuar os disparos.
A filha mais velha relatou à polícia que ouviu os tiros e encontrou a mãe caída no chão. O suspeito fugiu logo após o crime, deixando as crianças sozinhas ao lado do corpo da mãe. Ionara morreu antes da chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
O militar se apresentou à Polícia Militar dois dias depois, no dia 29 de setembro, mas optou por permanecer em silêncio durante o interrogatório. Ele foi levado à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), onde teve a arma apreendida e encaminhada para perícia balística.