Cientistas da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, desenvolveram uma nova forma de quimioterapia capaz de eliminar células de leucemia em modelos animais com até 20 mil vezes mais eficácia que a tradicional, e praticamente sem efeitos colaterais.
O avanço foi descrito em um artigo publicado na revista ACS Nano na última quarta-feira (29/10). A equipe liderada pelo professor Chad A. Mirkin, do Instituto Internacional de Nanotecnologia da Northwestern, criou uma versão do medicamento 5-fluorouracil (5-FU), um quimioterápico usado há décadas no tratamento de diferentes tipos de câncer.
Os pesquisadores reorganizaram a estrutura da molécula e a transformaram em um ácido nucleico esférico, o que tornou a droga mais estável, solúvel e direcionada às células doentes.
Nos experimentos realizados, o novo formato do medicamento penetrou até 12 vezes mais nas células de leucemia mieloide aguda e apresentou potência até 20 mil vezes superior à da formulação convencional.
Segundo o comunicado da universidade, os animais tratados com a nova versão da droga apresentaram uma redução expressiva dos tumores e não mostraram sinais de efeitos tóxicos.
De acordo com os pesquisadores, o segredo está na estrutura em forma de esfera. O núcleo do medicamento é recoberto por cadeias de DNA que ajudam o fármaco a ser reconhecido e absorvido pelas células cancerosas, que possuem receptores específicos para esse tipo de partícula.
Uma vez dentro da célula, o DNA é degradado e o 5-FU é liberado diretamente no local onde o tumor se desenvolve, o que permite um ataque mais preciso e menos agressivo ao organismo.
O professor Chad Mirkin explicou, em nota, que essa tecnologia inaugura uma nova era na medicina, chamada de “nanomedicina estrutural”. Em vez de mudar apenas a composição química das drogas, os cientistas passam a reconfigurar sua forma física para controlar como o medicamento age dentro do corpo.
Mais estudos são necessários
Segundo Mirkin, isso pode transformar profundamente a maneira como doenças complexas são tratadas, tornando os fármacos mais potentes e seguros. Embora os resultados sejam animadores, o estudo ainda está em fase pré-clínica e precisa ser testado em humanos antes de chegar à prática médica.
Os próximos passos incluem experimentos em modelos animais maiores e estudos sobre segurança a longo prazo. Mesmo assim, a descoberta é vista como um avanço promissor rumo a tratamentos contra o câncer mais eficazes e com menos efeitos colaterais.
Por: Metrópoles