O fígado é o maior órgão sólido do corpo humano e exerce funções vitais no organismo. Ele participa do metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras; produz bile para a digestão de gorduras; e é responsável pela síntese de proteínas importantes, como a albumina, e os fatores de coagulação.
De acordo com a gastroenterologista e hepatologista Lilian Curvelo, o fígado também processa e elimina toxinas e medicamentos; armazena vitaminas, minerais e glicogênio; e regula o colesterol. “O bom funcionamento do órgão é essencial para o equilíbrio de todo o corpo. Protegê-lo significa preservar a energia, o metabolismo, a imunidade e a saúde cardiovascular”, enfatiza.
Sinais que o corpo dá quando o fígado não está saudável
Segundo a médica, os sintomas iniciais de doenças do fígado costumam ser inespecíficos e, por isso, passam despercebidos. Entre os sinais de alerta estão:
- Cansaço persistente;
- Enjoo;
- Perda de apetite;
- Dor ou desconforto no lado direito do abdômen;
- Inchaço.
Com a progressão da doença, Lilian comenta que podem surgir icterícia (pele e olhos amarelados), urina escura, fezes esbranquiçadas, coceira intensa e tendência a sangramentos. “Em estágios mais avançados, o fígado pode deixar de cumprir suas funções, causando acúmulo de líquido no abdômen (ascite) e confusão mental (encefalopatia hepática)”, alerta.
“Ignorar os cuidados com o fígado pode ter consequências sérias. O acúmulo de gordura pode evoluir para esteato-hepatite, fibrose e cirrose, que é a fase mais avançada da doença hepática. Além do risco de insuficiência hepática e câncer, o comprometimento desse órgão também afeta outros sistemas, aumentando o risco de diabetes, doenças cardiovasculares e renais. Em muitos casos, quando o dano é irreversível, o transplante de fígado torna-se a única opção”, adverte a profissional.
Alimentação versus saúde do fígado
Conforme a especialista explica, o que ingerimos tem impacto direto na saúde hepática. “Dietas ricas em açúcares, gorduras saturadas e ultraprocessados favorecem o acúmulo de gordura no fígado, levando à doença hepática gordurosa”, exemplifica.
Por outro lado, uma dieta equilibrada, como o padrão mediterrâneo, rica em fibras, azeite de oliva, frutas, verduras e peixes, ajuda a controlar a inflamação, a melhorar a sensibilidade à insulina e a reduzir o acúmulo de gordura hepática.
Alimentos aliados à saúde do fígado
A pedido da coluna Claudia Meireles, Lilian Curvelo revela quais são os alimentos “amigos” do fígado: os naturais, frescos e ricos em nutrientes antioxidantes. Entre eles estão:
- Frutas, verduras e legumes coloridos, que combatem o estresse oxidativo;
- Peixes ricos em ômega 3, como salmão e sardinha, que têm ação anti-inflamatória;
- Azeite de oliva extravirgem, que melhora a sensibilidade à insulina e reduz a gordura hepática;
- E até o café sem açúcar, que, segundo diversos estudos, ajuda a reduzir o risco de fibrose e câncer de fígado.
“Esses alimentos atuam protegendo as células hepáticas e favorecendo o metabolismo”, argumenta.
Alimentos “inimigos” do fígado, segundo a médica
Por outro lado, há insumos capazes de prejudicar o bom funcionamento do órgão. A hepatologista recomenda evitar ultraprocessados; alimentos ricos em açúcares refinados, gorduras trans e sódio; além de refrigerantes, bebidas alcoólicas e produtos com xarope de frutose. “Esses itens sobrecarregam o fígado e favorecem o acúmulo de gordura e inflamação”, pontua.
Hábitos que colaboram com a saúde do fígado
Para a especialista, além da alimentação balanceada, o ideal é manter um peso corporal adequado, praticar atividade física regular, evitar automedicação e vacinar-se contra hepatites A e B. “Deve-se também consumir bebidas alcoólicas com moderação, ou evitá-las por completo, especialmente quem já tem alguma alteração hepática. O álcool é um dos principais agressores hepáticos”, frisa.
“Dormir bem, manter a hidratação e realizar check-ups periódicos com avaliação das enzimas hepáticas também são medidas simples que ajudam a detectar precocemente qualquer alteração”, acrescenta.
Hábitos prejudiciais ao fígado
Lilian observa que o fígado sofre com o uso de medicamentos e o excesso de suplementos sem orientação médica, além do uso de chás e ervas de origem duvidosa, que podem conter substâncias tóxicas. “Outros ‘vilões’ são o sedentarismo, o excesso de alimentos industrializados e o tabagismo, todos associados à inflamação e ao estresse oxidativo”, complementa.
“Cuidar do fígado é, em última análise, cuidar do equilíbrio de todo o organismo — e isso depende de escolhas diárias conscientes”, aconselha a médica.
Por Metrópoles






